A organização do seminário Do Porto teve em especial atenção, na elaboração do programa semanal, a inclusão de visitas guiadas a instituições culturais de referência da cidade. Denominadas plataformas de interacção, as visitas tiveram como objectivo principal articular a reflexão teórica com a formação intensiva in-progress ou observação no local.

A análise e o estudo do “Porto em Paisagens, Territórios e Patrimónios” pressupõem não só a proximidade física e um contacto personalizado com espaços que retratam estes conceitos, mas também a consciencialização de que esses espaços pertencem à história passada e contemporânea da cidade.

Não é de estranhar, portanto, que as principais notas dos visitantes fizessem referência à grande diversidade e aos enormes contrastes que a cidade apresenta a quem percorre as suas ruas. Durante a própria sessão de encerramento, falou-se por diversas vezes do “conflito entre tradição e modernidade, da pluralidade de paisagens, territórios e patrimónios e, logo, da impossibilidade de falar destes conceitos no singular”.

O novo património do Porto

Os grupos de trabalho puderam interagir com as novas paisagens e os mais recentes elementos do património da cidade quando visitaram o Museu de Serralves e a Casa da Música. No primeiro local, os participantes do seminário conheceram uma realidade de fusão entre um espaço da história antiga com a inclusão de arte contemporânea, entre a amplitude dos jardins e os limites das salas de exposições.

Matilde Seabra, guia do museu, não hesita em afirmar que Serralves denota uma grande identificação com os conceitos abordados neste seminário. “Serralves é um micro-exemplo em que todos esses factores se reúnem: temos a paisagem urbana e rural, a arquitectura moderna e contemporânea e, ao mesmo tempo a quinta que representa o lado mais pitoresco da cidade, o que torna o espaço um objecto de estudo com muito potencial”.

Já a visita à Casa da Música, símbolo da inovação arquitectónica da cidade, mostrou como os elementos modernos podem co-habitar e interagir com locais de cariz marcadamente tradicional. Pedro Burmester, director artístico do espaço, acredita que toda a polémica envolta na construção da Casa da Música a coloca, desde logo, na agenda do debate sobre os conceitos em discussão.

Sobre a questão da “patrimonialização”, Burmester fala com convicção: “este edifício já é um património da cidade, até porque lhe deu uma visibilidade internacional muito grande e hoje é um ícone de passagem obrigatória para quem visita o Porto”. O director disse, ainda, que o mais importante é que a Casa da Música “tem uma presença muito forte, já criou uma relação com as pessoas e ninguém lhe consegue ficar indiferente”.

Douro: A intemporalidade da paisagem, do território e do património

A região demarcada do Douro foi o ponto de partida para as visitas em torno dos locais que mais caracterizam a paisagem, o território e o património do Porto de outrora e que mantém ainda nos nossos dias.

Durante a visita às caves da Real Companhia Velha, os participantes do seminário receberam as primeiras explicações sobre a importância das terras do Douro na construção da paisagem, na produção do vinho do Porto e nas suas características tão particulares que elevaram a região demarcada do Douro ao título de património mundial da UNESCO.