O II Seminário Internacional organizado pelo Centro de Estudos das Tecnologias, Artes e Ciências da Comunicação (CETAC.COM) convidou os participantes a descobrir o Porto tendo por base quatro abordagens distintas: paisagens e urbanidades; paisagens, territórios, patrimónios e públicos; traços de “patrimonialidade” e serviços educativos em instituições culturais.

Uma vez que multidisciplinaridade foi desde o início não só um conceito indissociável do seminário, mas, ao mesmo tempo, um requisito imprescindível à abrangência de opiniões e pontos de vista, a constituição dos grupos de trabalho pautou-se pela inclusão de participantes de diferentes nacionalidades e áreas de formação. A coordenar cada um dos ateliês estavam professores nacionais em parceria com os convidados franceses ou canadianos.

Dispersos pelas mais históricas ou modernas zonas da cidade portuense, os grupos procuraram encontrar e avaliar, em cada local visitado, as características intrínsecas e extrínsecas que mais se relacionavam ou influenciavam as temáticas dos seus ateliês.

O diálogo, nem sempre fácil e fluído devido à alternância constante entre o português, francês e inglês, foi “constante e produtivo”, como relatou a grande maioria dos participantes. O debate de ideias foi enriquecedor e o desenvolvimento intelectual saiu privilegiado em grande escala.

Contudo, foi preciso um primeiro período de adaptação às dificuldades. Émilie Flon, da Universidade de Avignon, apontou como principais barreiras a ultrapassar a “falta de conhecimento dos hábitos de vida da cidade e as diferentes metodologias que cada um trazia das áreas em que trabalha e que são muito díspares”.

A presença de diferentes culturas e formações contribuiu para ver e conhecer novas realidades na cidade. Através do recurso intensivo às fotografias conseguiu-se “partir de situações concretas, compreender o que torna uma situação singular e, através deste processo, produzir conhecimentos e não apenas impressões ou representações”, como sintetizou Jean Davallon, director do Laboratório de Cultura e Comunicação da Universidade de Avignon.

Balanço positivo na apresentação das conclusões

A sessão de apresentação de resultados dos ateliês, no dia 29 no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto, permitiu aos elementos de cada grupo dar a conhecer o trabalho desenvolvido e as conclusões alcançadas durante a semana e abrir o debate à discussão de ideias e troca de informações.

Para que o processo de discussão e partilha de conhecimento não fosse estanque e limitado ao período da apresentação, a comissão de organização decidiu publicar e disponibilizar online os trabalhos efectuados pelos quatro grupos. Assim, o blogue, inicialmente criado para funcionar como posto de informações, vai agora, também, dar origem a um fórum de discussão actualizado e permanente.

De salientar, após as apresentações, a conclusão de que o Porto é uma cidade com “profundas ligações entre paisagem e cultura”, de que a paisagem resulta de uma “construção complexa de urbanismo e história”, mas que reflecte e exprime uma “leitura social” da cidade.

Uma cidade que é medieval e contemporânea ao mesmo tempo e que, se para alguns é factor de “riqueza cultural”, para outros fica, muitas vezes, latente o “conflito entre modernismo e antiguidade”.

Satisfação do lado dos participantes

Ao longo de toda a semana que o JPN acompanhou as actividades do seminário, foi notório o ambiente sociabilização, satisfação e até alguma diversão entre todos os elementos.

Salomé Abreu, conservadora num museu em Viana do Castelo e actualmente a frequentar um mestrado em museologia, integrou o ateliê sobre serviços educativos e confessou que “a maior riqueza deste ateliê foi poder visitar novamente os museus, mas agora com alguém que entra sem qualquer tipo de preconceitos já formados e perceber a avaliação que fazem e a impressão com que ficam desses locais”.

Em relação aos serviços educativos, refere que as instituições trabalham sem “grande profundidade na planificação da programação anual, acabando por se adaptarem aos diferentes públicos através de discursos improvisados”.