O JPN falou com o participante da missão de Agosto de 2007, Francisco Botelho, que teve receio, antes da partida, de não conseguir ajudar num local onde não tinha meios com os quais estava habituado a trabalhar.

Contudo, a experiência correu bem e a concretização pessoal sobrepôs-se aos medos e inseguranças que sentiu. Francisco Botelho viu um país completamente diferente daquilo a que estava habituado. Poder fornecer algo que, para os portugueses são direitos adquiridos, mas que para os camaroneses são dádivas, deu uma nova perspectiva a Francisco.

“Houve alguns doentes a quem gostávamos de ter feito mais e que se tivéssemos os meios disponíveis em Portugal teríamos conseguido resolver melhor o problema, mas acho que valeu a pena ter ido, porque cuidámos de muita gente”, explica.

O médico referiu também episódios negativos que culminaram com a morte de dois doentes por falta de condições médicas, visto que não tinham equipamentos para tratar devidamente os problemas.

“Era necessário que houvesse um programa melhor organizado e que tivéssemos melhor equipamento. Se nós conseguíssemos ter o nosso próprio laboratório lá e se conseguíssemos fazer análises sem custos para o doente, se conseguíssemos ter um hospital a sério com todos os meios que nós aqui estamos habituados a ter e até se pudéssemos ter luz 24h por dia era muito bom. Faltavam as coisas mais simples”, afirma Francisco Botelho.

“Acima de tudo cresci como pessoa. Habituei-me a ver a tristeza no olhar das pessoas”, confidenciou Francisco Botelho, médico que participou na missão em Kumba em Agosto de 2007.

Custo da viagem

300/400 euros para vistos de entrada no país e despesas locais
650 euros pela viagem
250 euros para despesas pessoais

Programa de actividades para a missão de Abril de 2008

Durante um mês, os participantes seguem um programa de voluntariado onde as primeiras duas semanas são dedicadas à actividade clínica, visto que os habitantes de Kumba e das regiões da periferia se deslocam aos hospitais para serem especialmente atendidos pelos participantes da missão. Visitam também as maternidades, várias instituições na cidade, laboratórios, prisões, polícia e ao fim-de-semana fazem um programa cultural e lúdico.

Cada participante leva 20 kg de medicamentos

Nas últimas missões a Kumba têm ido apenas estudantes portugueses e italianos, mas estão sempre disponíveis duas vagas para estudantes estrangeiros em todas as viagens.

Os participantes têm preparação antes da missão, o que normalmente dura um dia e consiste numa formação geral. É fornecida a biografia necessária sobre as infecções mais frequentes em Kumba, nomeadamente a malária e as doenças de transmissão feco-oral (como diarreias) e a Sida.

De Portugal, os participantes da missão levam também material útil à sua estadia em África: um mosquiteiro que a comissão organizadora oferece, roupa que cubra o corpo todo para estarem mais imunes à picada do mosquito da malária, uma mini-farmácia individual, botas de montanha para períodos de chuva intensos, repelente e 20kg de medicamentos por voluntário.