Palhota, Bar Atlântico, Vibrações, Esplanada do Alex são alguns dos bares que se encontram na zona costeira de Gaia e que já estão em avançado estado de remodelação, no âmbito do projecto de Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC).

As novas normas do POOC para a restauração divulgadas a 2 de Outubro de 2007, com vista ao ordenamento das actividades da orla costeira, exigem aos concessionários das praias a construção de balneários, casas de banho, armazém de praia e posto de socorros. É-lhes também exigido que encostem os bares o máximo possível à marginal e a não colocação dos bares sobre as dunas (só podem estar suspensos).

Muitos dos bares e restaurantes localizados na zona costeira de Gaia vão ter que ser readaptados às novas normas do POOC e outros vão ser demolidos para serem reconstruídos de raiz.

“Antes tínhamos um contentor (para casa de banho) colocado pelas Águas de Gaia para termos bandeira azul, agora já não vão ser precisos esses contentores” disse ao JPN Alexandre Pinto, proprietário do bar Esplanada do Alex, em Valadares.

A Esplanada do Alex já existe há dez anos e no início de 2008 foi demolida para ser reconstruída de raiz. O proprietário do bar afirmou ter sido dos primeiros a colocar o projecto de obras na câmara de Gaia, a 14 de Novembro de 2007.

Alexandre Pinto confessou que os materiais para a reconstrução dos 100 metros quadrados de extensão do bar são muito caros, ultrapassando em muito os 250 mil euros. O dono do “Alex”, como é conhecido, disse ao JPN que não vai recorrer à banca para a requalificação do bar, porque vai utilizar o seu próprio capital e angariar alguns patrocínios.

O bar Off-Shore em Salgueiros é outro dos que vai ser demolido e reconstruído de raiz, seguindo as regras do POOC. A proprietária do bar confessou ao JPN que foi obrigada, este ano, a ficar com a concessão da praia e que as obras de reconstrução do Off-Shore estão orçadas em 350 mil euros. “No ano passado fomos multados pela ASAE por o chão estar gasto”, refere a proprietária, que ainda está indecisa se vai pedir empréstimo ao banco ou se vai recorrer a contratos com as empresas fornecedoras de produtos.

Ameaça de boicote da época balnear

Luís Carvalho, presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praias, referiu ao JPN que vai ser muito complicado para os concessionários adquirirem empréstimos bancários, porque “nenhum consegue financiamento, dando o seu bar como garantia”.

O presidente da federação acrescentou ainda que os actuais nove anos de licença das concessões “não são suficientes para rentabilizar os gastos com as obras”.

Luís Carvalho acredita que “se os prazos das concessões forem dilatados consegue-se resolver as situações”, por isso, o presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praias pretende o aumento dos prazos para 25 anos e apoios por parte das autarquias e do Ministério do Ambiente aos concessionários. Luís Carvalho deixa ainda o alerta de um possível boicote da época balnear se esta situação não for resolvida.

Segundo o JPN apurou junto do Ministério do Ambiente, o ministro Francisco Nunes Correia vai reunir-se com a Federação Portuguesa de Concessionários de Praias na segunda quinzena de Abril para debater estas questões.

Os estabelecimentos têm até 2009 para se adaptarem às novas normas do POOC, caso contrário podem perder as licenças, mas Luís Carvalho acredita que dentro de dois anos tudo vai ficar resolvido.