“Sinto-me seguro”. Quem o diz é Manuel Santos, um dos habitantes da Serra do Pilar, em Gaia, que abre ao JPN as portas da casa onde mora e mostra as inúmeras fissuras espalhadas por toda a habitação. No jardim, o cenário não é diferente.

O morador considera que a limpeza da vegetação, que começou esta quinta-feira, pode reduzir os riscos da escarpa. Culpa a falta de civismo de alguns habitantes da Serra do Pilar do deslizamento de 2006, em que “um frigorífico e um fogão” atingiram duas casas. “Haviam de castigar as pessoas que põe lixo por ali abaixo”, afirma.

A escarpa da Serra do Pilar está coberta por uma vegetação densa, onde se encontram facilmente objectos pouco convencionais. Desde sacos de plástico a móveis ou cadeiras, há de tudo um pouco.

Manuel Santos acaba por mostrar alguma preocupação com as condições de segurança da escarpa, e não põe de lado a hipótese de abandonar a Serra do Pilar. “Se tiver que sair, que me dêem uma casinha”, pede.

Tal como Manuel, muitos moradores dizem sentir-se seguros, mas não negam a possibilidade de deixar as casas da escarpa se se verificar que é importante para a segurança das pessoas. Pedem apenas que sejam indemnizados. A maioria não dá a cara, por medo de represálias ou por saturação da longa espera por um futuro incerto.

“Ainda tenho coisas embaladas desde que a câmara fez a notificação”, diz Maria Lima, uma moradora que espera uma resposta definitiva para a situação da escarpa de forma “tranquila”. “Se tiver que sair não vou fazer espectáculo”.

Enquanto o JPN conversava com os moradores, começavam os trabalhos de minimização de riscos na escarpa. Alguns homens da Câmara de Gaia e das duas empresas contactadas pelo Governo Civil do Porto começam a limpeza da vegetação e procedem à demolição da primeira barraca. Outras se seguirão.