A Amnistia Internacional (AI) manifestou-se, esta semana, em comunicado, contra a continuidade da situação de violação dos direitos humanos no Tibete, por parte da China. A violência intensificou-se nas últimas semanas, com a repressão das manifestações do povo tibetano pelas autoridades chinesas. Quando faltam quatro meses para o começo dos Jogos Olímpicos, a Amnistia Internacional acredita que “a repressão aos activistas aumentou, em vez de diminuir, por causa das Olimpíadas”.
Irene Khan, secretária-geral da AI, declarou que “os Jogos Olímpicos, até hoje, não conseguiram funcionar como um catalisador para a reforma” na China, como havia garantido o presidente do Comité Olímpico Intrenacional (COI), Jacques Rogge.
As acções violentas sobre os defensores dos direitos humanos no território e sobre os manifestantes tibetanos “lançam dúvidas sobre o empenho das autoridades chinesas em melhorar os direitos humanos no período que antecede as Olimpíadas”, alega a Amnistia. A organização apela à intervenção da comunidade intenacional, como forma de exigir que a China proceda a uma mudança de atitude.
“O COI e os líderes mundiais devem pronunciar-se fortemente. Um fracasso em expressar preocupação e procurar publicamente a mudança, corre o risco de ser interpretada como uma aprovação tácita das violações dos direitos humanos perpetradas pelas autoridades chinesas na preparação para os Jogos Olímpicos”, refere a AI.
O Comité Olímpico Internacional respondeu, em comunicado, que o papel da Amnistia Internacional “não é controlar os direitos humanos ou pressionar os governos para obter mudanças sociais, económicas ou políticas”.
A Amnistia está preocupada com o uso “excessivo e por vezes letal” da violência por parte das autoridades chinesas sobre o povo do Tibete. No comunicado, a organização apela à China, para que, entre outras coisas, reduza o número de crimes capitais, acabe com a detenção arbitrária, intimidação e assédio a activistas, permita a livre comunicação no território e dê acesso imediato ao Tibete a inspectores da ONU e a observadores independentes.
“Governos são coniventes”
Teresa Nogueira, da Amnistia Internacional em Portugal, declara ao JPN que, se permanecerem no silêncio, “os governos e comités estão a ser coniventes com a situação e servis em relação á China”.
A activista entende que “a situação em Pequim é um gravíssimos atentado aos direitos humanos” e que, “ao contrário do que as autoridades chinesas afirmaram quando concorerram aos Jogos Olímpicos, a situação dos direitos humanos está a piorar, por causa dos Jogos Olímpicos”.
Teresa Nogueira adianta que estão a ser planeadas acções de protesto da Amnistia Intenacional em todo o mundo, para 5 de Maio.
Possibilidade de boicote
A situação de violação dos direitos humanos tem desencadeado vários pedidos de boicote aos Jogos Olímpicos, que começam a 8 de Agosto na capital chinesa. A cerimónia de acendimento da tocha olímpica, que decorreu em Olímpia, na Grécia, ficou marcada por protestos de activistas. Três membros dos Repórteres Sem Fronteiras interromperam a cerimónia e exibiram bandeiras com algemas, em vez de anéis olímpicos, onde se lia “Boicotem o país que ignora os direitos humanos”.
A maioria dos dirigentes mundiais confirmou a presença na cerimónia de abertura da competição. Apenas alguns líderes políticos assumiram a sua recusa em comparecer na cermimónia, nomeadamente, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, o presidente checo, Vaclac Klaus, e o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk.