Maria de Lurdes Rodrigues, disse quinta-feira, num colóquio sobre educação em Serralves, que o seu ministério já tinha revelado “há muitos meses” 140 casos de jovens portadores de armas dentro e fora das escolas referentes ao ano lectivo anterior. A ministra acredita que estas ocorrências são menores no interior das escolas.

Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que estes casos são de natureza diversa: “há alunos que levam canivetes para a escola, outros levam a espingarda do pai que é caçador”, mas refere que existem muitos casos em que as “armas são a fingir”. A ministra adiantou que, nestas situações, é a escola a primeira a intervir, através do coordenador de segurança, seguindo-se os agentes policiais no âmbito do programa “Escola Segura”.

Questionada sobre se considera alarmistas os considerações do Procurador Geral da Republica, Pinto Monteiro, ao considerar estes casos de “crimes”, Lurdes Rodrigues optou por não responder.

“Não faz sentido mudar o modelo de avaliação”

A plateia era composta essencialmente por professores que tiveram a oportunidade de estar “olhos nos olhos” com a ministra que tem gerado contestação entre a classe. A maioria das intervenções pautaram-se pelas críticas e dúvidas ao novo modelo de avaliação de professores.

Lurdes Rodrigues afirmou que “não faz sentido mudar o modelo”. “Não é legítimo afirmar que o modelo tem problemas, porque só agora é que vai ser colocado. Todos os modelos têm problemas”, reiterou.

A governante reafirmou que, mesmo com contestação, o modelo vai ser aplicado e que já foi criado um Conselho Científico para acompanhar o seu desenvolvimento.

A ministra lembrou que os professores vão passar a estar nas escolas mais tempo e até mais tarde e que a designação de “professor titular” vai deixar de ser “simbólica”. E garantiu que o modelo de avaliação de competências e de objectivos “responde à diversidade do sector docente”.

Professor tem quer ter “autoridade”

O colóquio teve ainda como convidado o ex-ministro da Educação Marçal Grilo, que assumiu o cargo desde 1995 a 1999. O actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian reconheceu que há um forte clima de descontentamento entre a classe docente, mas disse que a “esmagadora maioria dos professores cumpre e ultrapassa aquilo que lhes foi pedido”.

Para Marçal Grilo, é essencial que professores e escolas sejam avaliados: “O professor tem que se assumir como uma referência, tem que ter autoridade na aula, firmeza e postura”. Referiu ainda que “não se pode dar à escola um conjunto de responsabilidades que não pode suportar”.