Morreu Charlton Heston, uma das maiores lendas que Hollywood já produziu. O actor americano, cujo verdadeiro nome era John Charles Carter, faleceu, sábado, na sua residência de Beverly Hills, em Los Angeles, segundo informou a família.

Durante os seus 83 anos de vida, Charlton Heston apaixonou-se, primeiro, pelo teatro, passou pela Broadway, com uma peça de Shakespeare e deu o salto para a televisão. A “caixa-mágica” catapultou-o para a sétima arte, fruto do sucesso que atingiu, e nos anos 60, Heston era já uma estrela.

O actor americano fica na história do cinema pelas suas interpretações em super-produções como o seu papel de Moisés em “Os Dez Mandamentos” (1956) ou” Ben-Hur” (1959), pela qual ganhou o Óscar de melhor actor.

Filmou ainda com Orson Welles, esteve em dois dos mais célebres filmes de ficção-científica (“O Homem que Veio do Futuro” e “À Beira do Fim”), interpretou dezenas de heróis ficcionais e históricos, de “El Cid” a Michelangelo e, em 1968, participou no clássico da ficção científica “O Planeta dos Macacos”, participando ainda na sequela, de Tim Burton, 33 anos depois, em 2001. O actor ainda tentou enveredar pela realização (“António e Cleópatra”, em 1972 e, uma década mais tarde, “O Grande Filão”), mas sem sucesso.

Activismo em lados opostos

O actor fica na história por muito mais do que o seu percurso “hollywoodesco”. Em 1944 participa na II Guerra Mundial, juntando-se à Força Aérea Americana. Na década de 1960 juntou a sua fama a causas relacionadas com os direitos humanos, tendo acompanhado mesmo Martin Luther King durante a Marcha a Washington pelos Direitos Civis, em 1963, usando uma faixa onde se lia “Todos os homens nascem iguais”.

Ainda na mesma década, Heston apoiou o candidato John Kennedy na candidatura à presidência dos Estados Unidos e, na sequência do assassinato de Robert Kennedy, em 1968, pediu apoio para um acto de controlo de armas.

O democrata convicto desta época viria a transformar-se num republicano activo nos anos 80. Foi apoiante de candidatos como Ronald Reagan ou do “clã” Bush, opôs-se ao aborto e, em 2003, recebeu ainda a medalha presidencial da Liberdade das mãos do presidente George W. Bush.

Nos últimos anos rodeou-se de alguma polémica ao apoiar a National Rifle Association (Associação Nacional de Armas), para a liberalização de armas no país, e do qual foi presidente entre 1998 e 2003, altura em que anunciou que tinha uma doença degenerativa similar ao alzheimer.

Afastado dos olhares públicos desde 2003, Heston deixa a mulher de sempre, Lydia, o filho Fraser e a filha adoptiva Holly.