A Associação Portuguesa de Psoríase (APS) apresentou, esta terça-feira, um estudo piloto sobre o impacto psicológico e físico da doença na qualidade de vida dos doentes. As conclusões do estudo demonstram claramente a forma como a psoríase condiciona o dia-a-dia dos doentes.
A psoríase é uma doença que afecta em Portugal mais de 250 mil pessoas e 125 milhões por todo o mundo. Apesar de se tratar do primeiro estudo realizado em Portugal sobre o impacto da psoríase, o presidente da APS, João Cunha, diz que este não “trouxe grandes novidades para os doentes”.
O estudo indica que 76% dos inquiridos referem que esta doença tem um impacto psicológico nas suas vidas. Desses, 38% dizem esse impacto é mesmo muito grande. As situações mais apontadas pelos doentes são as idas à praia e à piscina, onde os corpos estão mais expostos aos olhares alheios. 28% dos inquiridos disse que a sexualidade é afectada pela doença.
Dores física e articular
Em termos de impacto físico, 40% dos inquiridos revelaram que “têm dor”, diz João Cunha, também ele doente. “Esta doença é, muitas vezes, encarada como uma doença da pele, que tem apenas impacto no aspecto. Mas existe também a dor física: sofremos não só com as lesões, mas temos também a dor articular. A psoríase artropática tem graves consequências e muitas vezes é incapacitante para os doentes”.
O presidente da APS acredita que “a única forma de combater o estigma social existente em torno desta doença é informar a população sobre o que ela é”. “Em Portugal, as pessoas estão informadas mas, claramente, ainda há muito a fazer. Aliás, se nós pensarmos noutras doenças em que existe o estigma do contágio, continua a haver discriminação“, lamentou.
O estudo concluiu que existem várias doenças associadas à psoríase: “28% das pessoas refere as diabetes, 26% o colesterol e 11% a hipertensão. Mas existem ainda casos de associação da doença coronária aguda à psoríase”, diz João Cunha. A maioria dos doentes falta cerca de 20 dias num ano ao trabalho por causa da doença.
O que é a psoríase?
“É uma doença crónica da pele, não contagiosa, que pode surgir em qualquer idade. O seu aspecto, extensão, evolução e gravidade são muito variáveis, caracterizando-se, geralmente, pelo aparecimento de lesões vermelhas, espessas e descamativas, que afectam preferencialmente os cotovelos, joelhos, região lombar e couro cabeludo. Nos casos mais graves, estas lesões podem cobrir extensas áreas do corpo”, explica o site da APS.
Psoríase não é reconhecida como doença crónica
“A psoríase é crónica para nós, é crónica para os médicos, mas não é crónica para o Serviço Nacional de Saúde. Não faz parte da lista de doenças crónicas, que já está há quase 13 anos sem ser revista”, acusao presidente da Associação Portuguesa da Psoríase.
Apresentado este estudo, a Associação Portuguesa de Psoríase tem já assegurado um compromisso com a Sociedade Portuguesa de Dermatologia no sentido de elaborarem, em conjunto, um novo estudo sobre a doença, “com conclusões mais alargadas e tocando em alguns pontos que não foram referidos no primeiro estudo”.