No segundo dia da Semana de Promoção da Inovação e do Empreendedorismo da Universidade do Porto (SPIE UP), a conferência “O empreendedorismo em português” na Faculdade de Engenharia da UP reuniu académicos e empresários.

Segundo José Epifânio Franca, fundador da Chipidea e professor catedrático do Instituto Superior Técnico de Lisboa, o problema de Portugal é não acreditar nas suas capacidades para o empreendedorismo. “O nosso país vive preso no mundo da descrença”, afirma.

Portugal não é ousado, empreendedor nem inovador, mas “o problema está na mentalidade das pessoas e a possível solução também”, acrescenta o professor.

Futuro dependente de nova geração de empresários

O empreendedorismo é fundamental para o desenvolvimento de um país, para que haja inovação e mudança, afirmou Artur Santos Silva, presidente do BPI e da COTEC. Para tal, porém, tem que “haver aceitação de riscos, tolerância perante erros, aprender com a experiência, partilhar conhecimentos, procurar a excelência e tem de haver responsabilização pelo que se faz”, diz.

Segundo Artur Santos Silva, o país ainda tem um nível muito baixo de empreendedorismo qualificado. “Temos é a criação de empresas como tabaqueiras, vendas de vídeos e lavandarias”, afirma. No entanto, o futuro como país empreendedor, está dependente de Portugal e da criação de uma nova geração de empresários.

Zara como exemplo de centro de “terapia”

Carlos Coelho, fundador e presidente da Ivity Corp, referiu, por seu lado, que o mundo mudou a uma grande velocidade e que isso levou a que os empresários começassem a atrair os consumidores através das marcas. “As marcas são produtos, pessoas e países. A marca é para um país uma questão de identidade”, diz.

Um exemplo prático disso é a marca Zara que, segundo Carlos Coelho, é um centro de “terapia” para mulheres deprimidas. “A Zara vende camisolas para a alma, é esse o negócio da Zara”, afirma.

Segundo o presidente da Ivity Corp, Portugal não tem que ter complexos em relação à vizinha Espanha porque também tem potencialidades. Contudo, “parece que Portugal se esqueceu de quem é e anda à procura de uma identidade”, diz.

“Portugal não é uma nação de empreendedores”

Já o Pedro Pinheiro, administrador da Hozar, não é tão optimista relativamente à posição do país no empreendedorismo. “Portugal não é uma nação de empreendedores”, afirma. Mas refere que isso se deve a um conjunto de factores que não favorecem o empreendedorismo em Portugal.

Questões demográficas, existência de demasiadas zonas de conforto, subsídio de desemprego e demasiados funcionários públicos são algumas das causas apontadas por Pedro Pinheiro para o baixo nível de empreendedorismo.