No início de Abril, assumiu funções de presidente Seretse Khama Ian Khama, sucedendo a Festus Mogae que, após uma década no poder, abdicou livremente do cargo. Na presidência desde a independência em 1966, o Partido Democrático de Botsuana (BDP, em inglês) vê pela quarta vez um dos seus líderes ocupar o cargo de chefe de Estado, ao contrário do que se verifica em muitos outros países do continente africano.

Ian Khama é filho do primeiro presidente do Botsuana enquanto país independente, Seretse Khama, que governou até à sua morte, em 1980. Quem assumiu, na altura, o lugar deixado vago foi o então vice-presidente Quett Ketumile Marise. Reeleito duas vezes, acaba por se retirar do comando da nação em 1998.

Contrariamente aos que lhe antecederam na presidência, Ian Khama tem um percurso militar como comandante da Força de Defesa do Botsuana, criada aquando dos ataques do exército da Rodésia (actual Zimbabué), em 1977. Este passado causou preocupação quanto ao futuro do país africano, sendo Khama acusado pela oposição de uma liderança autoritária. Pelo outro lado, os apoiantes do actual presidente do Botsuana referem-se a ele como um líder decidido e eficiente.

Eleições gerais estão já marcadas para Outubro de 2009, mas nada faz prever que possa haver uma mudança do partido no poder, sendo o BDP o vencedor esperado. Lepetu Setshwaelo, líder de um dos partidos da oposição, Movimento de Aliança do Botsuana (BAM, em inglês), admitiu que será difícil convencer as pessoas de que o actual governo não é bom, como refere a “The Economist”. O facto de haver divisões dentro dos próprios partidos opositores também acaba por condicionar uma possível surpresa nos resultados.

Uma economia emergente

Entre a antiga Bechuanalândia (nome que detinha enquanto esteve sob o domínio do colonizador britânico) e o actual Botsuana há diferenças acentuadas, fruto do desenvolvimento. Da capital, Gaborone, chegam imagens de modernos prédios envidraçados, arranha-céus e centros comerciais, caso atípico quando comparada com outras cidades africanas.

O país da África Austral é, desde a sua independência, uma das economias com maior crescimento per capita do mundo e um dos países mais estáveis do continente africano. A descoberta de quantidades significativas de urânio em 2007 veio ajudar a conjuntura económica já favorável, estando prevista a sua exploração para 2010. De acordo com a organização não-governamental Transparency International, o Botsuana é ainda considerado o país menos corrupto do continente africano.

Apesar do desenvolvimento, o país tem os seus problemas. Os botsuaneses sofrem com o flagelo da Sida, sendo que um em cada três está infectado com o vírus. Isto faz com que milhares de crianças fiquem orfãs e tem feito baixar a esperança média de vida, que neste momento é de 51 anos. No entanto, o programa de tratamento que o país africano oferece é dos mais avançados do continente. Sendo o maior exportador de diamantes de África, segundo a BBC, esta actividade acaba por dominar a economia, que está ainda muito dependente do Estado.

Também no que diz respeito aos direitos humanos, o Botsuana tem apresentado como uma situação particular e delicada, nomeadamente quanto à tribo dos bosquímanos. O governo botsuanense levou a cabo uma política de retirada desse povo das suas terras ancestrais. No entanto, o Tribunal Supremo declarou ilegal o realojamento da tribo noutras zonas e permitiu o regresso dos bosquímanos, como era exigido pelos mesmos.

Situada entre a África do Sul, a Namíbia, o Zimbabué e a Zâmbia, a nação botsuanesa tem servido de acolhimento de população vinda dos seus países vizinhos. Nos anos 70 e 80, muitos foram os refugiados e activistas anti-apartheid que chegaram ao Botsuana vindos da África do Sul, o que acabou por causar problemas nas relações bilaterais entre ambos, que só viram melhoras com o fim da política de segregação em 1990.

Actualmente, o país tem recebido um fluxo de imigrantes ilegais, que procuram fugir da grave crise económica sentida no Zimbabué.