Um relatório intercalar da Comissão Parlamentar de Poder Local com elementos referentes à polémica reconversão do Mercado do Bolhão foram levados terça-feira até à Assembleia da República (AR) pelo deputado socialista Fernando Jesus, relator destacado para este dossiê.
Segundo Fernando Jesus, o relatório inclui vários elementos, desde o projecto do arquitecto Joaquim Massena e o da empresa holandesa TramCroNe (TCN), às opiniões de comerciantes, bem como do ex-presidente da Câmara do Porto Nuno Cardoso. O documento é resultado, em parte, da petição que obteve 50 mil assinaturas contra a reabilitação do Bolhão pela TCN .
O objectivo, segundo o deputado, é que o relatório seja aprovado para que depois os intervenientes sejam ouvidos perante a Comissão de Poder Local. Fernando Jesus salienta que pretende ouvir todas as entidades envolvidas, mas que vai começar pelo IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), “porque é fundamental saber a [sua] opinião”. Depois das audições haverá um período de até 60 dias para um relatório conclusivo e um possível desfecho para a situação do Bolhão.
Segundo o deputado socialista, o número de assinaturas da petição é um forte indicador de que as pessoas consideram “que estão a ser desvirtuadas as características culturais, arquitectónicas”, bem como o património público.
As audições, diz Fernando Jesus, poderão começar “de hoje [segunda-feira] a uma semana”.
Massena recusa participar no projecto da TCN
O arquitecto Joaquim Massena, pertencente à Plataforma de Intervenção, é autor de um projecto de reconstrução do Bolhão que data de 1998 e que não chegou a ser posto em execução. De acordo com o arquitecto, “o projecto da TCN é demolidor de todo o edifício do mercado do Bolhão, quer do ponto de vista patrimonial quer do ponto de vista humano”.
Numa reunião da TCN com os comerciantes do mercado, na passada quarta-feira, em que Massena esteve também presente, o engenheiro Pedro Neves da empresa holandesa propôs que o arquitecto participasse do projecto.
“Confirmámos que temos interesse, não só no arquitecto Massena, mas em qualquer pessoa que tenha interesse em colaborar connosco para levar o projecto do Bolhão para a frente”, afirmou Pedro Neves em declarações ao JPN. A TCN tem todo o interesse em que outras pessoas participem, pois “é um projecto difícil”.
O engenheiro adiantou que “o arquitecto Massena disse que estaria interessado em colaborar, desde que fosse o projecto dele”. No entanto, o arquitecto refere que face à proposta da TCN “para o desenvolvimento de uma solução”, “disse que não”. “Disse que em privado não o faria; em público não tenho qualquer problema”.
