O boletim económico de Primavera (em PDF), divulgado esta terça-feira pelo Banco de Portugal, dá uma forte atenção à situação económica do ano de 2007, caracterizado pela instabilidade económica, com repercussões para 2008.

O boletim destaca, pela negativa, a “deterioração” das condições do mercado de trabalho no ano passado, com o aumento da taxa média de desemprego para valores “historicamente elevados”, passando de 7,7% para 8%. O emprego aumentou apenas 0,2%, menos 0,5 ponto percentuais do que no ano transacto.

Quanto a previsões para 2008, o boletim faz uma breve referência ao facto de as perspectivas terem vindo a ser “revistas em baixa”, falando da análise de Abril deste ano do Fundo Monetário Internacional, que diz que “o crescimento mundial deverá situar-se em 3,7% em 2008, menos 1,2 pontos percentuais” do que em 2007.

Elogio à redução do défice

A instituição governada por Vítor Constâncio deixou um elogio ao “progresso conseguido nos últimos dois anos” no que diz respeito ao “cumprimento dos compromissos orçamentais”, que resultaram num défice inferior a 3% do PIB. Sublinham ainda que este esforço de redução do défice “tem de prosseguir” para que se cumpra o Pacto de Estabilidade e Crescimento.

Adicionalmente, a economia portuguesa continuou a evidenciar um crescimento inferior ao observado em anteriores ciclos económicos, bem como ao dos países europeus com níveis de rendimento per capita inferiores à média da União Europeia.

Do crescimento à desaceleração

O “forte crescimento económico global” verificado em 2007, foi prejudicado por três factores, como a “turbulência nos mercados financeiros internacionais”, que levou à diminuição do investimento.

A desaceleração acentuada dos EUA e o “aumento do preço do petróleo” foram os outros factores provocadores de uma “subida generalizada do preço das matérias-primas alimentares” e que conduziram à inflação e a uma “forte instabilidade” internacional, culminando na quebra dos mercados mundiais.

Duração da crise mundial incerta

O Banco de Portugal alerta para a possibilidade de a crise financeira se estender mais do que o anteriormente previsto. “A evolução observada nos primeiros meses de 2008 confirmou que a persistência e magnitude destes choques será superior ao inicialmente antevisto, sendo que a sua extensão final, bem como o respectivo impacto sobre a evolução da economia portuguesa, ainda se encontram rodeados de uma elevada incerteza”.