O Museu de Serralves no Porto é um dos destinos da exposição “Linhas, Grelhas, Manchas, Palavras” do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque. A exposição de desenhos minimalistas vai passar por várias cidades europeias.
A colecção do MoMA é “absolutamente transversal”, diz Ricardo Nicolau, adjunto do director do Museu de Serralves, e esta exposição itinerante foca-se num “movimento evidentemente norte-americano”, a arte minimal.
A impessoalidade é a palavra-chave desta corrente, que procura fugir da premissa de que “a função da arte é expor o ‘eu’ interior”, explica Ricardo Nicolau ao JPN. “Os artistas [minimalistas] põem em causa a expressão pessoal”, continua. Muitos começam por produzir trabalhos “que parecem objectos industriais, absolutamente genéricos”, que tornam “absolutamente impossível” descortinar o estado de espírito em que são produzidos.
O “contra-senso” da conjugação do desenho com o minimalismo
A particularidade da exposição reside no “contra-senso” da utilização de um meio muito pessoal, o desenho, para criar arte que pretende ser “o mais impessoal possível”. Existe um “confronto entre o suporte do desenho manual e a vontade de fazer desaparecer a manualidade”, diz Nicolau. No entanto, o “ar industrial” das composições só é alcançado com a meticulosidade do trabalho. “O artista tem de funcionar como uma máquina”, acrescenta.
“Linhas, Grelhas, Manchas, Palavras” conjuga trabalhos dos anos 60 e 70, de artistas como Eva Hesse e Mel Bochner, com obras de artistas “de gerações mais recentes”, como Roni Horn e Polly Apfelbaum, onde “o legado da arte conceptual é revisto e reavaliado”.
A exposição, comissariada por Christian Rattemeyer, estará em Serralves de 10 de Maio a 22 de Junho. Esta é a segunda exposição do MoMA no Museu de Serralves, depois do conjunto de desenhos de arquitectura “Visões e Utopias” ter passado pelo espaço no final de 2003.