A primeira parte do ciclo Documente-se! Reflexões sobre o social”, resultante da parceria entre o Serviço de Artes Performativas da Fundação de Serralves e o Departamento e Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), arranca esta quinta-feira, estendendo-se até domingo, dia 20.

Constituído por diversos espectáculos de dança, teatro, música, performance, conferências e mesas-redondas, o programa multidisciplinar assenta num “cruzamento de perspectivas de pessoas oriundas de distintos campos de produção documental”, tendo como mote os sentidos da reflexão sobre o real social.

“A ideia surgiu essencialmente a partir de conversas várias que tive com umas pessoas de Serralves, neste caso em particular com a Cristina Grande e o Pedro Rocha sobre a necessidade de pensar a reflexão social não apenas do ponto de vista sociológico, mas também do ponto de vista artístico”, explicou Luísa Veloso, investigadora do Instituto de Sociologia da FLUP.

Ao JPN, a investigadora disse que a parceria tem decorrido muito bem. “Eles [Fundação de Serralves] têm uma máquina logística muito habituada à organização de eventos, enquanto nós, como temos mais tempo para pensar sobre as coisas, organizamos as mesas-redondas e elaboramos um texto de base sobre o ciclo. Tudo se tem conjugado muito bem entre as duas instituições”, concluiu.

Histórias gémeas com cenário portuense

A abertura do evento vai ser marcada pela exibição do documentário “Historias Gemelas_versão_03_Porto” no anfiteatro nobre da FLUP. Segundo Luísa Veloso, este projecto, da autoria das espanholas Edurne e Clara Rubio, é “uma recolha de testemunhos de pessoas que tenham histórias para contar sobre acontecimentos que decorreram em pontos geograficamente opostos e que se aproximam por alguma razão”.

Entre 18 e 20 de Abril, Edurne e Clara Rubio vão estar na Sala Multiusos de Serralves, a recolher histórias que o público portuense tenha para partilhar. O resultado dessa mesma recolha será será exibido no auditório da fundação na versão final do documentário “Histórias Gemelas_versão_03_Porto”.

O ciclo subordinado à reflexão social contemporânea terá ainda continuidade na sexta-feira, no Auditório de Serralves, através de uma performance sonora levada a cabo pela dupla Alejandra & Aeron. No dia seguinte, sábado, decorre uma mesa-redonda na biblioteca do museu sobre o tema “Os documentos (re)constroem o social?”, que tal como o nome indica, procura saber de que forma as produções quotidianas influenciam “a leitura que as pessoas têm sobre o social”.

Ainda nesse dia, às 22h00, será apresentada a peça “Pichet Klunchun and myself”. A finalizar esta primeira parte do ciclo, no domingo, será exibido no Auditório de Serralves o documentário “Step Across the Border” sobre o músico e compositor Fred Frith.

Para Luísa Veloso, o ciclo tem um único objectivo: “tentar demonstrar que a reflexão social não é exclusivamente científica e fechada na academia, mas que também as áreas da música, das artes plásticas, das artes performativas, entre outras, têm a preocupação de produzir algum tipo de reflexão sobre o social”.