O Massachussets Institute of Technology (MIT) está a desenvolver materiais fotovoltaicos para fornecer energia a edifícios, enquanto a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) está a estudar a aplicação desta tecnologia ao TGV e ao Metro do Porto.
No MIT está a ser explorada a “integração de nano-materiais solares flexíveis na construção com têxteis leves”. O objectivo é gerar energia renovável para sustentar estruturas arquitectónicas, explica Sheila Kennedy, professora do Active Cladding Studio da School of Architechture and Planning do MIT e líder da equipa que projectou a tecnologia “Portable Light Mat”, apresentada em Setembro do ano passado na FAUP.
No Active Cladding Studio (Atelier de Revestimento Activo, em português), os alunos estudam formas de adaptar materiais fotovoltaicos (que convertem luz em energia), de maneira a poderem revestir estruturas “de curvatura complexa”. “Utilizando software avançado de modelação 3-D, materiais têxteis solares podem ser moldados em formas estruturais específicas que criam coberturas leves para telhados que convertem a luz solar em energia eléctrica”, afirmou Sheila Kennedy, em respostas enviadas ao JPN por e-mail.
Desta forma, os edifícios podem tornar-se energeticamente autónomos e podem até “fornecer energia a espaços próximos ou aos utentes”, disse ao JPN Sofia Thenaisie, arquitecta que faz a ponte entre o MIT e a FAUP.
Tecnologias sustentáveis nos transportes públicos
A investigação do MIT debruça-se também sobre a possibilidade de canalizar a energia, obtida pelos materiais fotovoltaicos, para ventilação, iluminação e telecomunicações. Sheila Kennedy interessa-se pela “influência” que as tecnologias sustentáveis têm “sobre a arquitectura e as questões urbanas”, especialmente sobre os transportes públicos. Daí o interesse em projectar, com a FAUP, formas de adaptar estas tecnologias à futura estação do TGV em Campanhã e à estação de metro da Casa da Música.
É apenas um “projecto académico”, declara Sofia Thenaisie, mas foi já apresentado à Agência de Energia do Porto e à Área Metropolitana do Porto. A iniciativa da FAUP pressupõe o estudo dos edifícios das duas estações em causa, a fim de projectar estruturas que impliquem os materiais desenvolvidos pelo MIT, já aplicados em alguns ferry-boats de Nova Iorque.
Arquitectura pensada para a sustentabilidade
Embora estas tecnologias sejam mais dispendiosas do que as vulgarmente utilizadas, podem compensar a longo-prazo. De acordo com Sheila Kennedy, o sistema de iluminação em estado sólido utilizado em Nova Iorque, embora seja mais caro do que a “tradicional luz incandescente”, “reduz o consumo de energia e requer menos manutenção”.
Sofia Thenaisie considera fundamental que “as soluções arquitectónicas sejam pensadas desde o início para responder às questões de sustentabilidade”, já que só assim se podem explorar “as potencialidades da arquitectura e da sua contribuição para um maior equilíbrio no uso de recursos naturais”.
Portugal é o primeiro país da MIT Energy Initiative
A colaboração entre o MIT e a FAUP traduziu-se, até agora, na participação de oito alunos de Arquitectura num workshop com os alunos do MIT, no fim do mês passado, na FAUP, onde os estudantes “colaboraram na montagem dos protótipos e no processo de projecto”. Esta cooperação inicial deve “permitir colaborações mais estreitas entre as duas instituições”, diz Sofia Thenaisie.
Portugal é o primeiro país a juntar-se à MIT Energy Initiative (MITEI) para a investigação e educação na área da energia e este projecto permite a “abertura de um diálogo” sobre a arquitectura sustentável, diz Sheila Kennedy. “O futuro de Portugal necessita do desenvolvimento de arquitectura que integre a nova lógica de geração de energia e que destaque as eco-tecnologias de maneira a criar uma expressão cívica”, acrescenta.