Jogo memorável, fantástico, emocionante. Era o dérbi da salvação, o dérbi entre duas equipas que desiludiram durante toda a época, era o dérbi dos aflitos. Era, mas não foi. Foi um grande jogo de futebol. Quase bom demais para ser verdade.

Foram 90 minutos durante os quais os adeptos esqueceram todas as desilusões do passado. Não pensaram no futuro. Apenas interessava o presente. No fim, foi o Sporting a fazer a festa e é o Sporting quem vai estar presente no Estádio Nacional para defender o troféu. Os “leões” merecem estar na final, mas as “águias” também o mereciam.

Alvalade não encheu para receber o encontro. Muitos devem estar arrependidos por não terem ido, os que estiveram não deram certamente o seu tempo por perdido. Entrou melhor o Benfica, mais seguro, com Di Maria em grande destaque a levar os encarnados a uma primeira parte de grande nível. O Sporting não apresentou futebol nos primeiros 45 minutos e foi com dois golos de desvantagem para os balneários. Rui Costa inaugurou o marcador aos 19 minutos, após grande jogada com Di Maria.

Aos 30 minutos, Nuno Gomes fazia o segundo e levava ao desespero os adeptos leoninos. Paulo Bento percebia que a sua equipa não estava bem e colocou Izmailov em campo, retirando o jovem Adrien das quatro linhas. Os “leões” passavam a jogar com mais agressividade e dava a ideia de que a segunda parte seria diferente. O intervalo chegava com o Benfica em festa e um Sporting dominado, frustrado, sem nada conseguir fazer face ao maior poderio encarnado.

Sporting do inferno ao céu em 45 minutos

Na segunda parte, o Sporting entrou na partida completamente transfigurado. Mais mexido, com mais garra e ambição, os “leões” deram um autêntico recital de futebol de ataque. O golo ameaçava aparecer a qualquer momento, mas as redes encarnadas só balançaram após a entrada de Derlei. Aos 62 minutos, o “ninja” voltou aos relvados e regressou cheio de força e motivação.

Cinco minutos depois de Derlei entrar em campo, Djaló reduzia a desvantagem, após passe de Vukcevic. Os adeptos verdes e brancos acreditavam na sua equipa e o Sporting foi catapultado para uma exibição simplesmente fantástica. Aos 75 minutos, Liedson empatava a partida e quatro minutos depois Derlei completava a reviravolta no marcador. Alvalade estava ao rubro. Terão pensado os adeptos do Sporting que do Benfica já nada restava. Apenas assistia ao magnífico jogo ofensivo da equipa de Paulo Bento.

Contudo, apenas três minutos depois de Derlei ter marcado o terceiro golo do Sporting, Rodriguez voltava a empatar a partida, com um remate à entrada da área. Não havia sinal de crise. Ninguém arriscava no vencedor do melhor jogo da temporada, o mais espantoso dérbi desde os 7-1 e 6-3. Era como se as duas equipas quisessem compensar os adeptos por tanta desilusão.

Já com o prolongamento em vista, muitos adivinhavam a repetição do 3-3 do jogo da Luz. Mas Djaló estragou esses prognósticos. O 20 dos leões pegou na bola e atirou de longe para o fundo das redes do impotente Quim. Estava feito o 4-3. A terminar, Vukcevic fez o golo da noite. De primeira, o montenegrino fez o quinto do Sporting e fechou o resultado em 5-3.

Naquele que começou como o jogo dos aflitos, Sporting e Benfica realizaram o melhor encontro da época, deliciaram os adeptos do futebol com oito golos. Grande jogo em Alvalade, que ficará na história dos dois clubes como um dos melhores de sempre.

O Sporting vai encontrar o FC Porto, na final da Taça de Portugal no Estádio do Jamor, dia 18 de Maio.