O sétimo debate do ciclo “Portugal Sim ou Não?” realizado na Fundação de Serralves foi dedicado à Ciência e contou com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia do Ensino Superior, Mariano Gago, e do director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), Manuel Sobrinho Simões.
Questionado por um estudante de medicina sobre a elevada média e o reduzido número de vagas para este curso, Sobrinho Simões respondeu que em Portugal o número de médicos é suficiente para as necessidades. “Não conseguimos aguentar mais médicos na Faculdade de Medicina do Porto”, acrescentou.
Mariano Gago discordou do director do IPATIMUP quanto a não haver capacidade para mais médicos. O ministro disse na conferência que vai aumentar o número de vagas em medicina e realçou ainda que “para isso é que há [o processo de] Bolonha”, por permitir a entrada “por exemplo no segundo ciclo em medicina”.
Sobre a falta de capacidade física e material da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) para receber mais estudantes do que os 250 que entram anualmente, o ministro lembrou que “existem mais faculdades de medicina em Portugal” e que a FMUP já tem projectos para aumentar as suas instalações.
Mariano Gago desdramatizou a situação actual no que toca à reforma e avaliação do ensino superior e recusou-se a prestar esclarecimentos sobre a manifestação dos estudantes universitários contra as medidas do Governo para o Ensino Superior, que decorreu esta quarta-feira em Lisboa.
“Fuga de cérebros” é uma realidade portuguesa
O debate desta quinta-feira à noite também abordou a “fuga de cérebros”, a saída de jovens investigadores que vão trabalhar e viver para fora do país. No entanto, Mariano Gago lembrou que existem “centenas de investigadores estrangeiros” em Portugal a trabalhar em instituições portuguesas.
Sobrinho Simões apresentou um estudo estatístico sobre as citações de autores portugueses em artigos científicos e concluiu que, embora os autores mais velhos (mais de 40 anos) sejam os mais citados, existe uma grande massa de investigadores entre os 30 e os 39 anos com muitos artigos citados. “Existem muitos jovens investigadores de primeira categoria muito melhores do que nós. O que lhes vai acontecer?”, questionou.