Tem sido comentada a possibilidade de Obama, caso venha a ser nomeado, trocar estrategicamente de posição em relação ao Iraque com John McCain. Como interpreta esta ideia?

Não vejo McCain negociar a sua posição relativamente ao Iraque. Ele tem sido uma das figuras mais associadas à guerra desde o seu início. Qualquer tentativa dele de mudar em relação ao Iraque seria um desastre. O Iraque é um dos seus argumentos fortes contra os democratas. Foi ele que disse que poderia haver tropas americanas no Iraque por mais 100 anos. E se for Obama a competir com McCain, as posições relativamente ao Iraque irão ser muito diferentes.

Obama e Hillary dizem defender a retirada americana…

Bem, quer Clinton, quer Obama dizem querer uma retirada a começar de imediato, mas ambos querem fazê-lo bem e cuidadosamente. As opiniões democratas sobre o Iraque são muito similares. A grande diferença foi Clinton ter votado a favor da guerra quando ela começou e Obama não.

E o que se pode dizer sobre uma presidência conjunta entre Hillary e Obama, de que se falou recentemente?

Não vejo isso como possível. Temos visto um incrível negativismo de Hillary em relação a Obama. E se Clinton quer ganhar, ela tem que desfazer Obama. E não estou a ver como é que podemos desfazer alguém e depois juntarmo-nos a ele e fazermos dele o nosso candidato a vice-presidente. Um dos maiores testes a um candidato a vice-presidente é saber se ele está preparado para ser presidente se o presidente for assassinado, por exemplo. Ora, de momento Clinton está a fazer uma campanha assente em tentar provar que Barack Obama não está preparado. Portanto, acho muito, muito difícil, se não impossível.

O que podemos esperar de Obama, Hillary ou de John McCain?

A própria imagem de cada um deles é muito diferente. Um [McCain] teria 72 anos aquando da sua possível eleição como presidente, sendo o presidente mais velho da História. Obama seria um dos mais novos. Pertencem a gerações diferentes e têm histórias diferentes. McCain é de uma poderosa elite de brancos. Obama vem de fora, mãe branca, pai negro, cresceu no Havai.

O simbolismo em política é muito significativo. O simbolismo de uma presidência de Obama seria muito forte no modo como a América passaria a ser vista em todo o mundo. E esse é mais um motivo para muitos americanos quererem votar nele.

Dado o actual estado de espírito do povo americano, é possível uma surpresa de última hora, contrariando as sondagens e o favoritismo de um candidato?

É possível, mas acho muito mais provável que um democrata seja eleito. Neste momento o cenário beneficia os democratas. As campanhas têm gerado doações financeiras e entusiasmo. Do outro lado há a pouca popularidade de Bush. McCain não é o típico republicano e talvez consiga vencer, mas as associações com Bush por causa do Iraque, a sua idade, tudo isso vai contar contra ele. Mas no final, não se trata de um sistema parlamentar de dois partidos, mas de dois indivíduos.