É o número mais elevado desde 1993. Os números actuais, referentes a 2007 e divulgados num estudo (em PDF) do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC) apoiado pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), revelam que são mais de 26 milhões os deslocados internos em todo o mundo, vítimas de conflitos, de desastres naturais e da fome.

Só no início da década de 90 se registou um número mais elevado, muito por força dos conflitos na ex-Jugoslávia e na antiga União Soviética. O estudo do NRC revelou ainda que esta situação se deve, em grande parte, a três países: Sudão, com 5,8 milhões de deslocados, Colômbia, com cerca de quatro milhões e Iraque, com 2,5 milhões. No total, estes três países contabilizam quase metade do total de 26 milhões apontados pelo NRC.

Em relação a 2006, o número representa um aumento de 6%. Para este acréscimo contribui também a situação na República Democrática do Congo, onde o número de deslocados chegou aos 1,4 milhão e na Somália, com um milhão.

A África é o continente que apresenta o maior número de deslocados internos, com quase 13 milhões. A América surge em segundo lugar, com 4,2 milhões, devido, em particular, à Colômbia. Segundo o relatório, existem deslocados em 52 países, sendo que as mulheres e as crianças são quem mais sofre com esta situação.

Apesar de ser no continente africano que se regista o maior número de deslocados, a região do planeta que mais viu crescer a taxa desta população no ano passado foi o Médio Oriente, onde só o Iraque foi responsável por 30% dos novos casos que surgiram.

Situação económica mundial só vem piorar esta situação

O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, já disse, em declarações citadas pela agência Reuters, que “não tem a menor dúvida de que os deslocados internos, que são os pobres entre os pobres, juntamente com os refugiados, serão as colectividades mais dramaticamente atingidas pela situação económica, tanto nas suas vidas como nos seu sofrimento”.

O português esclareceu que “a crise económica gera instabilidade e conflitos, que são as grandes causas dos deslocamentos”. António Guterres criticou ainda os governos dos países com grande taxa de deslocados por considerá-los “parte do problema”. “Às vezes é questão de incapacidade, nos chamados Estados falhados, e outras vezes é falta de vontade”, afirmou Guterres.

O Alto Comissário da ONU para os Refugiados acrescentou ainda que “os deslocados são a população mais vulnerável”. “Os refugiados ainda têm a protecção das leis internacionais e são assistidos pela ACNUR e por outras agências internacionais”, disse.