Miguel Veiga, um dos fundadores do Partido Social Democrata, diz que Luís Filipe Menezes se demitiu antes de ser “obrigado a sair pela porta baixa”. O advogado do Porto disse ao JPN que Menezes “sabia ou passou a saber” que estava “em gestação um processo de recolha de assinaturas para um congresso. Nesse congresso, se os seus [de Menezes] opositores ganhassem, tal poderia implicar a demissão da sua comissão política”.
Embora o congresso não possa demitir o líder do partido, pode demitir a comissão política. Se tal acontecesse, seria “um voto de desconfiança” para com o líder do PSD, que “não poderia ficar sozinho” e seria consequentemente obrigado “a sair pela porta baixa, pela porta do cavalo”, declarou Miguel Veiga.
O advogado considera que a demissão do deputado de Gaia “só na aparência é que é surpreendente”. Menezes pretendeu “vitimizar-se”, mas “foi vítima dos seus próprios erros, das suas errâncias, da falta de projectos, das inconstâncias sistematicamente praticadas por ele e pelo seu grupo directivo”, continua.
Prazo de candidatura favorece apenas “quem está no terreno”
Para Miguel Veiga, a demissão é “uma manobra de diversão”, já que o ex-líder do PSD “fixou um prazo curtíssimo, absolutamente inadequado para as eleições directas”, de forma a “frustrar” outras candidaturas. O prazo imposto serve apenas “quem já esteja no terreno, e quem está no terreno é ele e só ele”, diz.
Embora Menezes tenha afirmado que não está na nova corrida para a liderança do partido, essa é ainda uma possibilidade, acredita Miguel Veiga, já que “surgem notícias de que os seus apoiantes preparam uma vaga de fundo que o leve novamente a concorrer”. Menezes “com a maior facilidade diz sim hoje para dizer não amanhã”, acrescenta.
Ao JPN, Veiga não quis manifestar apoio a nenhum possível candidato, adiantando apenas que vai escolher “o que estiver em melhores condições para fazer a federação da massa crítica do PSD e a articulação com as bases”. “Se concorrer, o doutor Luís Filipe Menezes está eliminado à partida [das minhas opções de voto], tal como nas outras eleições”, atira.