Depois de quase três horas de reunião na Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, ficou decidido que a liderança da associação que representa os vendedores do Bolhão vai a votos no dia 15 de Maio.

O actual presidente da Associação de Comerciantes do Mercado do Bolhão (ACMB), Alcino Sousa, não afasta a hipótese de avançar com uma recandidatura, alegando que quando se tem “uma obra a meio, deve-se levar até ao fim”.

A assembleia geral convocada por 28 sócios tinha como objectivo discutir a ordem de trabalhos apresentada por um grupo de associados. A mesa apresentou, porém, uma outra que acabou por ser recusada pela maioria dos comerciantes. Hélder Francisco, comerciante e membro da associação, reforçou a ideia de que Alcino Sousa não manda sozinho na associação. “A associação é de todos”, referiu.

Entre vozes elevadas, alguns aplausos e saídas intempestivas da sala, sócios e não-sócios exigiam saber o que tinha acontecido aos 2,5 euros que pagam todos os meses, depois de a associação ter sido acusada de raramente “apresentar um relatório de contas”. Presente esteve também José Maria Silva, da Plataforma da Intervenção Cívica (PIC), afirmando que é necessário “repor a ordem jurídica, administrativa e democrática no seio da associação”.

O membro da PIC, que foi impedido de assistir à reunião, defende que tem havido “muitas ilegalidades”. “Todos os anos tem de haver uma assembleia geral para discutir e aprovar o orçamento, mas isso nunca existiu”, referiu. José Silva admitiu vir a entregar um pedido de impugnação da assembleia no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto.

Fernando Pinto e Miguel Mendonça, membros da associação que avançam com a possibilidade de se candidatarem à liderança da ACMB, colocaram em causa a legitimidade do cargo ocupado por Alcino Sousa ao afirmarem que “a associação não foi mandatada e o Alcino não foi eleito pelos democraticamente pelos comerciantes”.

Processos de difamação em tribunal

A liderança da ACMB tem sido alvo de críticas por parte dos comerciantes e membros da associação que acusam a direcção de falta de transparência e diálogo. Alcino Sousa admitiu ter avançado para tribunal com processos de difamação, depois de ter sido acusado de “prepotência”.

Os comerciantes criticam a atitude que Alcino Sousa tem defendido desde o início deste ano, de que o projecto da TramCroNe (TCN) é o melhor para os comerciantes. Uma posição, no entender de Hélder Francisco, contrária à que tinha tido até ao final de 2007. “Em 2005, no início da entrega do Bolhão a privados, ele soube defender muito bem os comerciantes, mas agora não nos diz nada”, disse.

Ouvir os comerciantes

Fernando Pinto entende que a TCN, empresa holandesa vencedora do concurso público, devia fazer uma sessão de esclarecimento com os comerciantes e não apenas uma das partes interessadas. “O que está em causa aqui é que os comerciantes nunca foram ouvidos”, afirma.