A Agência das Nações Unidas de assistência aos Refugiados Palestinianos do Próximo Oriente (UNRWA, em inglês) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiram que vão cessar esta quinta-feira a distribuição de alimentos a cerca de um milhão de palestinianos em Gaza, se Israel não retomar as suas distribuições de combustíveis. Na reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o Médio Oriente , que aconteceu quarta-feira, a situação humanitária na Faixa de Gaza foi um dos temas discutidos.

No encontro, Angela Kane, assistente do Secretário-Geral para os Assuntos políticos, disse que o bloqueio de abastecimento de energia por Israel está a prejudicar a ajuda alimentar a 650 mil pessoas, bem como a recolha de lixo de 500 mil habitantes de Gaza.

A assistente de Ban Ki-Moon para os Assuntos Políticos afirmou ainda que a região de Gaza viveu um período de “elevada crise humanitária, enquanto as condições na Cisjordânia (território também ocupado por Israel) também não tinham melhorado significativamente”.

Abastecimento de energia nos níveis mais baixos

De acordo com os dados oficiais da ONU, desde 18 de Março que Israel não distribui gasolina na região. O gasóleo não é distribuído desde 2 de Abril. “O combustível disponível pela UNRWA deve terminar a 24 de Abril”, disse Angel Kane. “A UNRWA está a dar prioridade à distruibuição de comida e à recolha de lixo sólido”.

15 a 20% da população recebe água apenas entre três e quatro horas de quatro em quatro dias. 60 mil metros cúbicos de esgotos continuam a ser despejados para o Mar Mediterrâneo, segundo a ONU.

As infra-estruturas hospitalares estão a funcionar a meio gás devido aos cortes de energia. Os transportes públicos foram também afectados, prejudicando muitas crianças que não podem ir para a escola e alguns adultos que não têm como deslocar-se para o trabalho.

Mais de 80% da população de Gaza depende da ajuda humanitária internacional. A ajuda alimentar das Nações Unidas abrange 1,1 milhão de pessoas, muitas delas crianças. Em Março de 2008 um conjunto de organizações britânicas tinha alertado para a situação humanitária na região, que consideraram ser a pior desde 1967.

Cortes no abastecimento de energia desde 7 de Abril

Israel impediu a distribuição de combustível aos veículos da Faixa de Gaza após um ataque no dia 9 de Abril, contra o terminal petrolífero de Nahal Oz, entre o norte da Faixa de Gaza e Israel. Dois guardas israelitas morreram no ataque. Só ontem, quarta-feira, é que o Estado hebreu retomou parcialmente a distribuição de gasolina e gasóleo.

As sanções impostas por Israel ao Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), devido ao disparo de rockets contra israelitas, causaram cortes de energia na região de Gaza.

As autoridades israelitas dizem que há cerca de um milhão de litros de combustível que não estão a ser distribuídos com o consentimento do Hamas, como forma de protesto às sanções impostas pelo governo de Israel. Segundo Israel, o combustível foi disponibilizado há cerca de uma semana no terminal petrolífero de Nahal Oz.

O porta-voz do governo israelita, em declarações à BBC, responsabilizou o Hamas pela crise humanitária na região de Gaza.