A 7 de Dezembro de 2000, uma derrocada levou à saída de cerca de 50 famílias do Bairro da Tapada, nas Fontainhas. Para a escarpa, há muito que estava prevista a reabilitação com base num projecto do arquitecto Adalberto Dias.

O arquitecto conta ao JPN que, após a derrocada, não foi “solicitado para reavaliar as acções que eventualmente deveriam ser propostas ou reformuladas”. Diz que apenas teve conhecimento de que foram realizadas operações de consolidação estrutural da encosta. Desde 2000, “não houve desenvolvimentos significativos”, afirma. “Paradoxalmente, a encosta está pior do que na época da derrocada”.

Acção judicial

Maria de Fátima Birra, proprietária de habitações no Bairro da Tapada, confirma que a Câmara do Porto chegou a ordenar a demolição das habitações em ruína e a recuperação das casas habitadas, mas os proprietários do bairro avançaram com uma acção judicial contra a autarquia, em 2004. Exigiram a consolidação global da escarpa das Fontainhas e o realojamento temporário dos moradores.

A senhoria diz que “as coisas complicaram-se muito”. Argumenta que o problema é a falta de dinheiro, quer do lado dos proprietários, quer do lado da câmara. “As coisas ficaram por aqui, até ver”, remata.

Ruínas do Bairro da Tapada, na escarpa das Fontainhas

Realojamento dos moradores

O vereador comunista na Câmara do Porto, Rui Sá, afirmou ao JPN que a autarquia portuense concluiu recentemente 40 habitações destinadas ao realojamento dos moradores das Fontainhas. O JPN tentou entrar em contacto com a Câmara do Porto, sem sucesso.

Segundo Rui Sá, alguns moradores da escarpa seriam realojados em habitações cuja construção estava a cargo da Cooperativa S. João das Fontainhas. Actualmente é a Cooperativa das Sete Bicas que está à frente da construção das novas casas, que, para Rui Sá, não poderão ser entregues aos moradores das Fontainhas porque estes não têm recursos financeiros suficientes.

A proprietária das habitações no Bairro da Tapada desconhece a possibilidade dos moradores serem realojados, argumentando que “já há muito tempo” que não tem contacto com a câmara. No entanto, os moradores dizem ter conhecimento de um possível realojamento através de “outros moradores e pelos jornais”.

Projecto propõe habitações de luxo

O arquitecto Pedro Balonas ganhou recentemente o concurso de ideias para a requalificação da Frente Ribeirinha do Porto, que contempla a construção de um conjunto habitacional de luxo na escarpa das Fontainhas, associado a uma zona de lazer junto ao rio. O projecto prevê ainda a reconversão do viaduto da rua Duque de Loulé num parque de estacionamento.

Margarida Caetano, arquitecta da BalonasProjectos, desconhece o futuro das ruínas do Bairro da Tapada, salientando que o projecto apresentado baseia-se em ideias gerais.