A aquisição de equipamentos de “última geração” para as forças de segurança, que permitam a detecção automática de matrículas e veículos em circulação é uma das medidas de combate ao carjacking (roubo de viaturas com violência, na presença do condutor) defendidas por um grupo de trabalho criado pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira.

O grupo, constituído por representantes do Ministério da Administração Interna (MAI), das forças de segurança, do Gabinete Coordenador de Segurança e de associações representativas dos sectores segurador, de leasing e renting e de comércio automóvel, divulgou esta segunda-feira um relatório preliminar (em PDF), que propõe ainda o lançamento de uma campanha de sensibilização dos automobilistas.

Estar atento ao meio envolvente e chamar as autoridades sempre que sejam identificados “elementos suspeitos”, manter “as portas trancadas e os vidros subidos” durante a circulação e “estacionar em locais bastante movimentados e bem iluminados” são alguns dos conselhos de auto-prevenção a constar em folhetos que serão distribuídos aos condutores, disse ao JPN Alexandre Coimbra, subintendente da Polícia de Segurança Pública (PSP) e porta-voz da comissão.

A criação de um site específico sobre carjacking e a utilização de call centers são outras das propostas para a divulgação de informação. O relatório aponta, entre as medidas de auto-protecção, para a sensibilização dos automobilistas para a aquisição de equipamentos de segurança e alarme, incluindo os georeferenciados, que permitam uma “actuação policial mais eficaz”. O grupo de trabalho está a estudar a possibilidade de redução do IVA dos equipamentos.

A celebração de protocolos entre o MAI e as entidades representantes dos sectores segurador, leasing e renting e comércio automóvel também são consideradas medidas importantes. Alexandre Coimbra sublinha que “a troca de informação poderá ajudar no combate ao fenómeno”.

Penas “mais pesadas”

No domingo, numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, o líder do CDS-PP, Paulo Portas, defendeu penas “mais pesadas” para quem pratica carjacking. “Actualmente as penas mínimas vão de um a três anos e propomos uma subida de três a cinco anos, para que se responda a uma realidade assustadora”, frisou, citado pela Lusa.

O CDS-PP apresentou esta segunda-feira um conjunto de 15 medidas de combate e prevenção do carjacking. À semelhança do relatório do MAI, o CDS-PP defende a elaboração de um plano de acção contra o carjacking para a divulgação de normas de segurança, dirigido aos cidadãos através da realização de campanhas de prevenção e o incentivo à aquisição de sistemas que evitem o furto, bem como de sistemas de georeferenciação.

Outras das 15 medidas são a criação de brigadas específicas anti-carjacking, “sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Setúbal”, o levantamento exaustivo das áreas mais carenciadas de iluminação pública e videovigilância “com vista à sua instalação obrigatória” e o reforço das medidas de controlo de exportação de automóveis nas alfândegas.

O CDS-PP defende a introdução de módulos específicos relacionados com a prevenção e repressão do carjacking nos cursos de formação das forças e serviços de segurança. O subintendente da PSP diz que a formação “já existe há muito tempo”, enquadrada nos crimes violentos. Alexandre Coimbra não quis fazer mais comentários às medidas apresentadas pelo partido democrata-cristão. “O importante é que todos nós pensemos nisso”, salientou.

Carjacking aumentou 250,5% em quatro anos

O último relatório da Polícia Judiciária (PJ) aponta para 361 casos de carjacking em 2007, o que representa um aumento de 250,5% face a 2003. O carjacking é mais elevado em Lisboa e no Porto. Em 2007, Setúbal ocupou o terceiro lugar, com um aumento de 140% de ocorrências relativamente ao ano anterior.

As viaturas roubadas pertenciam maioritariamente às marcas Audi, BMW, Volkswagen e Mercedes, o que leva a PJ a colocar a hipótese de associar o carjacking, devido ao tamanho da bagageira dos veículos, ao assalto a multibancos.

A utilização de armas de fogo verificou-se em 79,5% das ocorrências o que, segundo o relatório, “confirma as tendências dos anos anteriores e a caracterização muito violenta deste tipo de roubo”. O carjacking ocorre maioritariamente no período nocturno que, em 2007, se estendeu entre as 19h e as 5h.