O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse, terça-feira, em Berna, na Suíça, que as Nações Unidas vão criar um grupo de crise para combater os problemas alimentares mundiais devido ao preço elevado dos alimentos.

O secretário-geral da ONU esteve reunido desde segunda-feira, à porta fechada, com as 27 agências da ONU para tentarem encontrar soluções para a actual crise mundial alimentar. “Consideramos que a escalada dramática dos preços da alimentação em todo o mundo evoluiu para um desafio sem precedentes de proporções globais que se tornou numa crise para os mais vulneráveis, incluindo os pobres urbanos”, afirmou Ban Ki-moon.

O grupo de crise vai ser composto por responsáveis das agências da ONU e do Banco Mundial e vai ficar sob a autoridade directa de Ban Ki-moon. O que se pretende é recorrer a medidas de urgência e de longo prazo para fazer face à crise causada pelo aumento repentino do preço de alimentos essenciais.

O director do Banco Mundial, Robert Zoellick, garantiu que “as próximas semanas serão críticas”. O Banco Mundial planeia criar um fundo de financiamento para os países mais pobres e para os ajudar na agricultura, adiantou.

A falta de investimentos no sector agrícola, os subsídios que distorcem o comércio, os subsídios aos biocombustíveis, as más condições climatéricas e a degradação do meio ambiente foram apontadas como algumas causas da crise, neste encontro.

Apelo à Comunidade Internacional

Em Berna, Ban Ki-moon fez um apelo à Comunidade Internacional para que doe os 755 milhões de dólares em fundos de emergência que o Programa Mundial Alimentar (PAM) necessita para ultrapassar a actual crise alimentar.

Segundo o secretário-geral da ONU, a primeira prioridade é “alimentar os famintos”. “Sem este financiamento, corremos o risco de um espectro de fome por todo o mundo, má nutrição e agitação social numa escala sem precedentes”, disse Ban Ki-moon.

Europa salvaguardada da crise mundial

Segunda-feira, no Porto, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, falou sobre a crise alimentar, mostrando-se preocupado com a situação, mas afirmando que na Europa e, especialmente, em Portugal tudo corre normalmente sem razões para alarme.

“Este ano voltámos a ter uma situação normal na Europa, isto é, nós vamos produzir mais 16 milhões de toneladas do que aquilo que são as nossas necessidades de consumo. Nós na Europa estamos salvaguardados da crise mundial na medida em que nós somos excedentários na maior parte dos cereais”, disse.