O dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã acusou, esta terça-feira, o novo Código do Trabalho de transformar o despedimento dos trabalhadores “num acto normal de gestão”. Durante uma conferência sobre “Globalização e Crise Financeira” na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, o professor de Economia do Instituto Superior de Economia e Gestão classificou a flexi-segurança de “fraude”.

Para Louçã, Portugal não pode manter os ordenados porque ”uma economia de salários baixos é uma economia condenada ao insucesso”. Para além disso, “existirá sempre trabalho mais barato que o que se faz em Portugal”.

Referindo-se à política internacional, Francisco Louçã apontou a política de Alan Greenspan, antigo presidente da Reserva Federal norte-americana, como a principal razão para a crise económica actual. Louçã afirmou que as aplicações do capital não foram feitas “nos depósitos a prazo, mas na bolsa”, o que provocou “um novo regime do mercado especulativo”.

“Off-shores” como “buracos negros”

Citando Maria José Morgado, o economista encarou as off-shores como “buracos negros” e pediu uma reforma do sistema fiscal em Portugal. Questionado sobre o futuro do euro, Louçã disse que acredita que a moeda europeia “só pode ser moeda de pagamento internacional com poder político por trás”.

O economista deixou ainda um recado aos actores do mundo da economia. Para Francisco Louçã, nenhum economista pode ter certezas já que ninguém “sabe como vai ser 2008, quanto mais 2010”.