O Ministério da Economia e da Inovação (MEI) anunciou esta quarta-feira, em comunicado, que já pediu à Autoridade da Concorrência para que “proceda urgentemente à análise da formação do preço dos combustíveis, de forma a garantir que esse preço traduza adequadamente os custos da produção”.

O MEI manifestou a sua preocupação com o tema na sequência das notícias que davam conta de um novo aumento de combustíveis, totalizando 14 subidas de preço desde o início do ano.

A partir da madrugada de quarta-feira, a gasolina sem chumbo aumentou 2,1 cêntimos e o gasóleo três cêntimos, um aumento que a Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC) considera “escandaloso”, disse Augusto Cymbron, presidente da ANAREC.

Para Augusto Cymbron, a preocupação do ministério surge motivada pelo “comunicado da ANAREC, senão tinha sido apenas mais uma notícia de aumento que cairia no esquecimento”, disse o responsável ao JPN, acrescentando que os 14 aumentos de combustíveis foram só a partir do dia 31 de Janeiro, tendo havido ainda mais aumentos desde o início do ano para além dos 14 referidos.

Aumentos “especulativos” podem ser travados

Augusto Cymbron apresentou ainda soluções para evitar esta sucessão de aumentos, que considera “especulativos”, visto que o petróleo adquirido agora só será posto à venda em Junho.

Para o presidente da ANAREC, seria importante reunir com o ministro das Finanças no sentido de “baixar o ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos) igualando-o ao espanhol”, e com a Galp, no sentido de se acordar um preço mais justo para o consumidor, visto que “com a desvalorização do dólar, o preço em euros mantém-se”.

“A Galp registou no primeiro semestre de 2006 mais 71% de lucro em relação ao mesmo período do ano anterior”, afirmou Augusto Cymbron, considerando o feito como “estranho”, sobretudo quando “admite que esta subida [de lucros] se deve ao aumento do preço do petróleo e do gás, quando uma empresa normal diminui os lucros com a subida dos custos”, disse.

A terceira medida apontada pelo presidente da ANAREC para evitar os aumentos de combustível é a “criação de um mercado único, tal como existe com a electricidade e com o gás, abrindo as fronteiras do mercado às empresas espanholas”, que possuem preços mais baixos do que as portugueses.

“Barril pode chegar aos 150 dólares”

O preço do petróleo atingiu esta segunda-feira um recorde, chegando aos 119,93 dólares em Nova Iorque, mas, de acordo com a Bloomberg, o preço, nos mercados internacionais, do barril de crude está a descer.

A descida deve-se a uma valorização do dólar face ao euro, mas também ao facto de a empresa BP ter retomado os trabalhos num dos seus oleodutos do Mar do Norte, encerrados desde o dia 27 deste mês. Na madrugada de quarta-feira o preço do crude fixava-se perto dos 113 dólares por barril.

No entanto, Boone Pickens, fundador e presidente da BP Capital, disse recentemente, em entrevista à Bloomberg que acredita que o barril de petróleo pode atingir valores entre 125 e 150 dólares até ao final do ano, alertando para uma consequente diminuição do consumo.

Augusto Cymbron quis deixar ainda claro que os postos abastecedores “saem muito prejudicados” com o aumento das despesas e com a diminuição do consumo , obrigando a um “despedimento de pessoal”, disse.

No seu comunicado, o MEI afirma também que “não pode deixar de estar alerta para as consequências destes aumentos na esfera dos consumidores portugueses”.