A cidade do Porto tem cerca de 55 órgãos de tubos. Inserido neste número, encontra-se o maior da Península Ibérica, na igreja da Lapa, com um total de 4.307 tubos e um carrilhão com 42 sinos. Segundo os organistas, o órgão substituiu uma orquestra inteira e é por isso considerado o “rei dos instrumentos”.

Em 1995, no dia da inauguração do maior órgão da Península Ibérica, o órgão de tubos da igreja da Lapa, o então Bispo do Porto, D. Júlio Rebimbas, afirmou que “na igreja, o rei dos instrumentos é, sem dúvida, o órgão de tubos”. “Não apenas pelas suas qualidades sonoras, mas porque é a imagem do homem e da igreja que rende a Deus, de corpo e alma, na unidade da diversidade”, disse.

Órgãos de tubos emblemáticos:

– Mosteiro de São Bento da Vitória;
– Sé Catedral do Porto
– Igreja da Lapa
– Igreja dos Carmelitas
– Capela das Almas
– Igreja dos Grilos
– Igreja da Trindade
– Igreja do Marquês

Rui Fernando Soares, organista da igreja da Nossa Senhora do Carmo ou Carmelitas, considera que os órgãos de tubos são “o único instrumento que consegue fazer uma redução sinfónica”, substituir uma orquestra inteira, por isso o considera o “rei dos instrumentos”.

Para Filipe Veríssimo, organista da igreja da Lapa, “se o violino é o imperador, o piano o rei, o órgão é o papa dos instrumentos, não só pela sua dimensão, mas porque reúne em si o reino mineral, vegetal e animal, ou seja, a união de todo o cosmos”.

O primeiro órgão de tubos terá surgido na antiga Grécia, pelas mãos de um grego de Alexandria, e consistia num instrumento com tubos de palheta, a que se colocou o nome de hydraulis, visto que o ar era regulado por um dispositivo hidráulico.

Durante o período renascentista foram criados três modelos de órgãos: o portativo, o positivo e o grande órgão. O portativo era um pequeno instrumento que acompanhava a música vocal. O positivo, que se dividia em dois tipos: o positivo de mesa e o positivo de pé. O grande órgão, que é o instrumento por excelência da igreja.

Órgão ibérico dos Carmelitas

O órgão de tubos da igreja de Nossa Senhora do Carmo ou Carmelitas foi notícia recentemente, devido ao restauro de que foi alvo, tendo sido construído originalmente em 1784 pelo organeiro bracarense, Jozé António de Souza.

Para Rui Fernando Soares, organista do órgão dos Carmelitas, “o resultado final do restauro foi uma surpresa, pois ninguém conhecia o timbre do órgão”. “Não se mexe num órgão de 200 anos, como se mexem em flores, pois corremos o risco de roubar a historicidade ao instrumento”, referiu.

O órgão dos Carmelitas, de estilo Ibérico, tem um total de 1.067 tubos. A empresa responsável pelo restauro do órgão dos Carmelitas, que se encontrava em avançado estado de degradação, foi a Orguian, criada por Georg Jann, responsável pela construção do órgão da Lapa. .

O restauro de um dos mais emblemáticos órgãos da cidade vai ser pago por um ciclo de concertos que a igreja dos Carmelitas está a organizar.