“Tudo o que ficou combinado foi que só se falava de livros. Hoje deixo para trás a política, a economia…”, disse Marcelo Rebelo de Sousa no início da conferência “Os Escritores visitam a Biblioteca Municipal”. E foi de livros e do Acordo Ortográfico que Marcelo falou quarta-feira, numa das salas de leitura da Biblioteca de Valongo.
Questionado pela plateia sobre as vantagens do novo Acordo Ortográfico entre países lusófonos, que deverá entrar em vigor em 2014, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se a favor, defendendo que “há um debate artificial sobre a questão “. O professor disse que as alterações ao acordo “não são substanciais” para a Língua Portuguesa.
Marcelo referiu que o Brasil hoje é a maior potência económica e o maior país lusófono e realçou a ideia que “Portugal precisa mais do Brasil, do que o Brasil de Portugal”. Afirmou que o acordo tem “virtuosidades” e disse que “para Portugal conseguir lutar pela lusofonia no mundo tem de lutar por dar a supremacia ao Brasil.”
“Os Escritores visitam a Biblioteca Municipal” é uma actividade de extensão cultural promovida pela Câmara Municipal de Valongo. Por lá já passaram Luísa Ducla Soares, Miguel Sousa Tavares, Rita Ferro, Luís Peixoto e Mário Cláudio, entre outros nomes da literatura portuguesa.
“A televisão tem de ser dinamizadora do livro”
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que actualmente a televisão é o “centro da vida de muitas pessoas” em detrimento do livro, quando deveria ser “dinamizadora do livro”. A escola, as autarquias, a família são outros sectores da sociedade que deveriam, na opinião do professor, dinamizar a leitura a facilitar o acesso de todos ao livro.
Marcelo reconheceu também que existem algumas lacunas no sector da distribuição e das editoras em Portugal, estas últimas a “passar um mau bocado”, e alertou para o facto de as velhas livrarias estarem a “morrer”. “Cada vez mais o livro surge associado às grandes superfícies”.