A Bolívia é dos países mais pobres da América do Sul. Em 2006, contava com um PIB per capita de 1.100 dólares, em oposição aos 4.710 do vizinho Brasil e os 2.980 do Perú, indica o Banco Mundial. É, apesar disso, um país rico em recursos naturais.

Em Dezembro de 2005, Evo Morales, líder do Movimento para o Socialismo (MAS) e antigo dirigente sindical dos produtores de folha de coca, venceu as eleições presidenciais, com maioria absoluta. Tornou-se, assim, no primeiro presidente boliviano de origem indígena.

Com políticas divergentes das dos seus antecessores, tem tentado reformar a Bolívia de forma a haver mais justiça para com a população indígena, que representa cerca de 55% do total de habitantes. “Estamos a criar outra forma de governar, mas não tem sido fácil”, disse o presidente numa entrevista ao jornal “New York Times”. Tem recebido apoio por parte de camponeses, indígenas, mineiros e produtores de folha de coca, mas os líderes das regiões mais ricas não têm visto com bons olhos as medidas que têm vindo a ser implementadas.

Morales tem sido encarado como um apoiante do presidente venezuelano Hugo Chavez, fazendo parte da onda de esquerda que tomou conta da América Latina há dois anos. Contudo, é um líder mais moderado do que o militar e menos polémico.

Uma questão, porém, controversa foi a nova constituição, aprovada sem a participação dos partidos da oposição, que a consideram, por isso, ilegal. A reforma agrária causou muito desagrado, com a nacionalização e redistribuição das terras. Outra proposta de Morales mal acolhida foi a nacionalização do petróleo e do gás.

Desde então, tem havido vários protestos e, por vezes, confrontos. Em Janeiro de 2007 os apoiantes do presidente tentaram derrubar do poder o prefeito de Cochabamba, Reyes Villa, por ter proposto um referendo pela autonomia. Os confrontos entre os camponeses, apoiantes de Morales, e habitantes da cidade de classe média, causaram duas vítimas mortais e 130 feridos.

As províncias mais ricas querem tornar-se mais autónomas e já convocaram referendos para decidir a sua autonomia, considerados ilegais pelo governo. O primeiro é já este domingo, em Santa Cruz. Seguem-se-lhe Tarija, Beni e Pando, em Junho.