O “sim” pela autonomia de Santa Cruz perante o governo central boliviano venceu o referendo deste domingo, com 86% do total de votos, segundo dados obtidos pela empresa Ipsos Apoyo Opinión y Mercado. Estes números superaram os resultados obtidos em Santa Cruz no referendo nacional de Julho de 2006. A abstenção, porém, foi de 39%, mais elevada do que a do referendo anterior.

As pressões exercidas por parte do governo e pelo Movimento para o Socialismo (MAS) são apontadas como sendo uma das causas para a forte abstenção em Santa Cruz. Por outro lado, a Comissão Eleitoral do Departamento de Santa Cruz, que fez uma forte campanha a favor do referendo, tinha insistido na obrigatoriedade do voto.

Evo Morales parece ter reconhecido que será difícil implementar todas as políticas que pretende contra a vontade das regiões mais ricas do país. Por isso, apesar de continuar a insistir na ilegalidade do referendo, dirigiu-se a todos os prefeitos e falou da necessidade de se trabalhar em conjunto por “uma verdadeira autonomia, uma autonomia baseada na nova Constituição Política do Estado boliviano”, disse, citado pelo jornal “La Razón”. Os líderes das regiões já admitiram a possibilidade de negociar com o governo.

O estatuto aprovado, a ser implementado, concederia autonomia a Santa Cruz na definição da política das terras, que Evo Morales pretendia nacionalizar, na economia, na educação e na saúde. Permitiria a criação de uma Assembleia Legislativa, com poderes para a aprovar leis regionais e nomear as autoridades locais. Para além destas alterações, o governador passaria a ser eleito por voto directo.