Portugal conta-se entre os 10 países cujos centros de investigação associados ao GA2LEN (Global Allergy and Asthma European Network) vão acompanhar a saúde dos atletas europeus qualificados para os Jogos Olímpicos de 2008.

Trata-se do primeiro estudo paneuropeu que visa avaliar a prevalência de asma, da asma induzida por exercício físico e outras doenças alérgicas entre os desportistas.

A participação portuguesa resulta da “colaboração do Serviço e Laboratório de Imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) que, em associação com o Serviço de Imunoalergologia do Hospital de São João, constitui um centro afiliado do GA2LEN”, explicou ao JPN, Luís Delgado, director do Serviço e Laboratório de Imunologia da FMUP.

“Claro que, para nós, é uma participação importante até porque é uma área que tem sido desenvolvida nos últimos quatro, cinco anos, e que, apesar de tudo, as próprias entidades que estão ligadas ao desporto ainda não conhecem muito bem”, disse. O estudo não se resume “a um trabalho de fundo de investigação”, procurando, sobretudo, “melhorar a assistência e o diagnóstico precoce das doenças alérgicas e da asma na população”.

O controlo da asma é a máxima deste ano

Cerca de dois mil atletas vão ser submetidos a exames clínicos que vão analisar a função pulmonar, a hiperactividade brônquica e os sintomas de asma. Os especialistas vão ainda avaliar a inflamação das vias aéreas dos atletas, através da realização de testes de óxido nítrico exalado, e a sensibilização alérgica dos desportistas por testes cutâneos.

GA2LEN

É uma rede europeia que reúne os melhores especialistas, centros de investigação e organizações dedicados ao estudo da asma e de outras doenças alérgicas. O seu objectivo é fomentar a qualidade de investigação inerente a todas as vertentes destas doenças, procurando simultaneamente divulgar os descobrimentos e extinguir o estigma associado à asma e às alergias.

“Nós sabemos que alguns tipos de desportos, particularmente a natação e o ciclismo, são desportos que acarretam risco respiratório”, afirma Luís Delgado. A identificação da doença vai permitir aos atletas “competir sem desvantagem em relação aos outros que não têm alergia ou asma, mas também estabelecer ou identificar alguns factores de risco que, no futuro, podem ser controlados”, esclareceu.

O controlo da asma é precisamente a máxima deste ano do “Dia Mundial de Asma”, assinalado todos os anos na primeira terça-feira de Maio. “Hoje podemos controlar claramente a doença, de maneira a permitir que qualquer doente com asma ou alergia possa praticar qualquer tipo de desporto sem limitações”, afirmou.

O estudo, elaborado inicialmente na Noruega, em colaboração com o Comité Olímpico Nacional, tem também como objectivo apurar novos dados sobre o efeito da qualidade do ar e da poluição nos desportistas. Os 10 centros do GA2LEN envolvidos representam todas as áreas geográficas da Europa: Alemanha, Dinamarca, Espanha Finlândia, Grécia, Inglaterra, Itália, Noruega, Polónia e Portugal.