O estudo “Comportamentos Sexuais e a infecção HIV/SIDA em Portugal”, divulgado esta terça-feira pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, mostra que, embora 75% da população afirme usar preservativo, mais de metade admite não ter usado o método na primeira relação com o parceiro mais recente. São os menos escolarizados, os mais velhos, os solteiros sem relacionamento e os mais religiosos que mais declaram não usar nunca preservativo.

Encomendado pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida, este estudo é o maior realizado até hoje nesta área. Manuel Villaverde e Pedro Moura Ferreira coordenaram o trabalho ao longo de 2007, tentando identificar aspectos da cultura sexual dos portugueses, como o tipo e regularidade da actividade sexual, o grau de satisfação, o número de parceiros, a idade em que iniciaram a vida sexual, o uso do preservativo e conhecimento das formas de prevenção da transmissão sexual do VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana).

O inquérito, feito a 3.643 pessoas entre os 16 e os 56 anos, revelam que 38% dos inquiridos afirma não ter qualquer receio de contrair uma infecção ou doença transmitida por via sexual. Mais de metade dos portugueses afirmam não terem feito o teste para o VIH nos últimos 12 meses, sendo a percentagem de homens (13,5%) ligeiramente superior à das mulheres (12,5%).

A maioria dos inquiridos afirma não conhecer ninguém infectado ou que tenha morrido devido à sida. Menos de metade dos portugueses faz perguntas aos companheiros sobre a vida sexual passada e apenas uma minoria pedem a cada novo parceiro para fazer o teste.

O estudo revela que a maioria das pessoas inicia a sua vida sexual entre os 17 e os 18 anos e só um terço teve apenas um acompanhante. 15% afirmam ter múltiplos parceiros, embora 22,7% dos homens tenha deixado “de ter relações sexuais com prostitutas”. 39,3% dos homens recusa ter relações sexuais ocasionais ou passageiras, enquanto 62,5% das mulheres não têm este tipo de relações de todo.

Faz também parte deste projecto um estudo inédito sobre as práticas e identidades sexuais na homossexualidade e bissexualidade, a cargo da socióloga Sofia Aboim.

Um dos grupos mais expostos à infecção a este vírus são os profissionais de saúde e, para prevenir riscos de contágio, foi lançada, segunda-feira, a versão portuguesa das directrizes conjuntas sobre os serviços de saúde e infecção HIV/SIDA, da Organização Internacional de Trabalho e Organização Mundial de Saúde. Apesar de 13% das luvas cirúrgicas poderem ser perfuradas, segundo um especialista em Medicina do Trabalho, o contágio é evitado devido aos medicamentos tomados.