Inaugurada na madrugada do passado domingo, a nova travessia ferroviária da cidade de Espinho não teve direito a uma cerimónia de abertura oficial, mas foi alvo de grande aceitação por parte dos moradores. A requalificação da superfície será a última fase desta obra de 60 milhões de euros.

“De consciência tranquila” e “muito satisfeito” pela primeira parte da empreitada, iniciada em 2004, ter chegado ao fim, Rolando Sousa, vice-presidente da Câmara de Espinho, disse ao JPN que a obra vai dar uma qualidade à cidade que “muitas pessoas nem imaginavam”.

Na primeira fase da obra, os comboios passaram a transitar no centro da cidade através de um túnel, levando ao desaparecimento “da barreira que existia entre a parte poente junto ao mar e a parte nascente” de Espinho. Na segunda fase “vai ser necessário desafectar toda a linha que existia anteriormente, requalificar não só essa zona, como também a zona da plataforma túnel”.

Reaccções dos moradores

Na generalidade, as reacções dos moradores ao enterramento da linha são positivas, ainda que revelem alguma apreensão relativamente às obras que vão ter lugar à superfície. Ao JPN, Filomena Baptista, de 50 anos, disse “estar agradada” com o túnel ferroviário, no entanto, está “na expectativa de ver como fica o exterior”. “Principalmente, quero ver o que é que eles vão fazer com aqueles tubos que estão à vista e que não são nada bonitos”.

Manuel de Sousa, de 54 anos, foi peremptório ao afirmar que a estação “está muitíssimo boa” e que, “mais do que corresponder às expectativas, até as ultrapassou”.

A requalificação urbana ficou a cargo do arquitecto Rui Lacerda que, anteriormente, tinha feito parte do júri responsável por seleccionar o grupo que se iria dedicar à empreitada de reestruturar a superfície.

Os trabalhos ainda não foram adjudicados, mas implicam a construção de um espaço de lazer, com bares, jogos de água e um posto de turismo, podendo mesmo levar a algumas demolições, como a do estádio de Espinho. Está previsto um parque de estacionamento subterrâneo com 500 lugares, a construir “junto ao casino”.

Obra “não é igual para todos”

Quanto às reacções dos moradores e turistas à obra encetada pela REFER (Rede Ferroviária Nacional), Rolando Sousa afirmou que as opiniões que têm chegado à câmara “são amplamente favoráveis”, acrescentando mesmo que, no seu ponto de vista pessoal, “a estação de Espinho e a plataforma de acesso aos comboios em Espinho é, efectivamente, uma obra que ficaria bem em qualquer país da Europa”.

Apesar desta posição, o vice-presidente da Câmara de Espinho ressalvou “que haverá sempre algumas pessoas que não gostarão desta construção porque ela também não é igual para todos”. “Mas esta foi a obra possível”, rematou.