No domingo, cerca de 50 mil eleitores vão decidir o futuro da Sérvia. Os maiores partidos que concorrem às eleições são o Partido Radical Sérvio (SRS), do ultranacionalista Tomislav Nikolic, e o Partido Democrático (DS), do europeísta Boris Tadic.

O Partido Radical da Sérvia ganhou as eleições legislativas em Janeiro de 2007, mas o número de votos não foi suficiente para formar governo. O executivo foi constituído por uma coligação entre o DS e o Partido Democrático da Sérvia (DSS), de Vojislav Kostunica, que terminou devido à auto-proclamação de independência do Kosovo.

Segundo a Reuters, o Partido Radical Sérvio vai à frente nas intenções de voto com 33,2%, seguido do partido de Boris Tadic, que reúne 31,5%. O Partido Democrático da Sérvia surge em terceiro lugar, com 13,8%, segundo a agência noticiosa inglesa.

Teresa Cierco, especialista nos Balcãs e professora de Relações Internacionais na Universidade Lusíada, explica que, se o SRS vencer no domingo, “a Sérvia afasta-se da União Europeia e aproxima-se da Rússia”. A especialista realça que este “é o grande perigo que o bloco europeu enfrenta, neste momento”.

A docente de Relações Internacionais explica que o cenário mais provável é que nenhum dos partidos consiga a maioria e que “vai ser necessária uma coligação” com o partido de Kostunica. A especialista revela que, apesar do líder do DSS ter desfeito a união com o DS, não acredita que o Partido Democrático da Sérvia se alie a Nikolic, visto este ser um “elemento de extrema-direita, incapaz de estabelecer relações com o Ocidente”.

Milan Rados, especialista em Relações Internacionais e docente da Universidade do Porto (UP), por sua vez, afirma que há, também, a possibilidade de Kostunica se aliar à Russia.

O professor bósnio da UP explica que as eleições de domingo são umas das mais complicadas de sempre, porque “neste momento a Sérvia tem uma alternativa que é a Rússia”.

Kosovo é tema central das eleições

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, Vuk Jeremic, alertou, num encontro com os seus homólogos europeus na Eslovénia, que as eleições previstas para domingo representam um “grande risco”, porque a escolha dos eleitores “vai ser afectada pela questão do Kosovo“. Milan Rados, chama a atenção para o facto do Kosovo ser “um foco permanente de instabilidade”, onde a qualquer momento pode acontecer uma guerra.

O embaixador da Sérvia em Portugal, Lusko Lopandic, em entrevista ao JPN, afirmou que “Sérvia vai organizar eleições locais no Kosovo” e que a Sérvia “não é responsável pela situação no Kosovo”. “Eles não querem tratar das coisas através de um acordo, decidiram unilateralmente a independência”, realçou.