Faleceu aos 98 anos, esta segunda-feira, aquela que é considerada a “Schindler polaca”, Irena Sendler. Nascida a 15 de Fevereiro de 1910, a enfermeira e assistente social salvou cerca de 2500 crianças judias de um gueto de Varsóvia e é hoje conhecida como sendo uma das maiores heroínas da resistência polaca ao nazismo, apesar de ter vivido muito tempo sob anonimato, à semelhança de Oskar Schindler, eternizado por Steven Spielberg em “A lista de Schindler”.

Antes da II Guerra Mundial, Sendler trabalhava a ajudar famílias pobres de Varsóvia. De Outubro de 1940 a Abril de 1943, ela e a sua equipa de 20 colaboradores contra a ocupação nazi passaram a correr sérios riscos ao distribuir roupa, medicamentos e alimentos ou ao fazer sair do gueto adolescentes, crianças e bebés, muitos deles disfarçados sob a forma de pacotes de encomenda ou escondidos em malas, para orfanatos, conventos, fábricas ou para junto de famílias católicas. Em 1942, Sendler aderiu ao movimento de resistência Zegota (Conselho de Ajuda aos Judeus).

A 20 de Outubro de 1943 foi presa em sua casa e ficou detida no quartel-general da Gestapo, onde foi torturada até lhe serem partidos os pés e as pernas. No entanto, nunca confessou nem deu informações sobre o seu trabalho ou o dos seus colaboradores. Mais tarde foi condenada à morte, mas o movimento Zegota conseguiu subornar um oficial alemão e libertá-la.

Até ao final da guerra continuou a apoiar os judeus, sob uma nova identidade, e trabalhou como supervisora de orfanatos e asilos.

Em Março de 2007 foi homenageada pelo seu país e foi proposta para o Prémio Nobel da Paz. Já em 1965 o memorial israelita Yad Vashem lhe tinha atribuído o título de “Justo Entre as Nações”, que congratula não-judeus que salvaram judeus.