Com cerca de 30 anos de existência, o dojo Filipa de Vilhena foi um dos três primeiros a surgir em Portugal. A equipa treina no pavilhão da Escola Secundária Filipa de Vilhena, no Porto, cujo aluguer é pago pelos atletas. Com participação em competições associativas e federativas, a equipa não recebe apoio de patrocinadores, federação e associação. As despesas do treino e das competições são suportadas pelos atletas.
Miguel Osório, responsável técnico da equipa, lamenta a “inexistência de apoios” para uma modalidade que tem vindo a crescer em importância. “Temos cada vez mais praticantes e, em termos internacionais, o karaté português nunca esteve tão bem, mas em termos de organização ainda estamos numa fase inicial”, explicou.
É o “espírito de grupo” que leva à permanência dos atletas na equipa. Marta Leal, karateca, destaca o “sentimento de família” e a “forte tradição” como pontos que levam à permanência. “O karaté ainda é uma modalidade onde existe pouca organização e visibilidade e faltam os apoios. Os atletas permanecem pelo treinador e pelos colegas e assim esquecemos as dificuldades”, frisou.
O grupo de treino conta apenas com sete raparigas, apesar de cada vez mais as mulheres aderirem ao karaté. Metade dos participantes do dojo são cinturão negro. A equipa de competição é constituída por 12 atletas divididos pelas competições de Kata (movimentos técnicos), Shiai Kumite (combate ao ponto desportivo) e Iri-Kumi (combate tradicional).
Os karatecas do dojo apresentam idades entre os sete e os 56 anos, sendo que as crianças participam já em grande número. Pedro Cunha, de sete anos, pratica a modalidade por influência da família, mas afirma gostar. “O que eu mais gosto de treinar é a luta dois-a-dois e gosto do treinador porque é muito meu amigo e é muito bom no karaté”, disse.
O dojo já alcançou vários títulos de Campeão Nacional e Taças de Portugal. Os atletas preparam o Campeonato Nacional de Iri-Kumi, mas com a realização da competição em Lisboa o dojo não pode estar presente. “A realização do campeonato nacional em Lisboa impede a participação de importantes elementos da equipa, pois são os atletas a suportar as despesas”, lamenta Miguel Osório.