Contrariando as suas previsões iniciais, que apontavam para um crescimento de 2,2% em 2008, o ministro das Finanças anunciou esta quinta-feira que a economia portuguesa não deverá crescer mais de 1,5%.

Um estudo do INE divulgado esta quinta-feira confirma a desaceleração do PIB, que cresceu 0,9% no primeiro trimestre de 2008, precisamente metade dos resultados obtidos no período homólogo de 2007 (1,8%). Algo que, segundo Ricardo Valente, economista e docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, se deve à queda das exportações como consequência da crise financeira internacional.

O endividamento, subida das taxas de juro e os aumentos consecutivos dos combustíveis são também causas apontadas pelo docente para a “anemia” da procura doméstica interna, que “pressionam ainda mais os níveis de consumo em Portugal”.

Portugal “longe da média europeia”

Face ao trimestre anterior, o período de Janeiro a Março de 2008 registou um abrandamento de 0,2%, que, de acordo com Ricardo Valente, tem um impacto “negativo para o consumidor” e demonstra que “existe uma enorme divergência entre aquilo que é a realidade e o discurso dos políticos”.

“Portugal tem-se afastado claramente das médias europeias”, afirma o docente, lembrando que os dados da União Europeia surpreenderam pela “positiva, enquanto Portugal está abaixo do esperado”.

Mesmo depois de a taxa de inflação ter diminuido seis décimas de ponto percentual para os 2,5% em Abril, Ricardo Valente lembra que o abrandamento da economia poderá ter repercussões “quer ao nível de salários, quer ao nível de criação de postos de trabalho”.