Pedro Passos Coelho, candidato à liderança do PSD, quer “desgovernamentalizar a economia no prazo de duas legislaturas”, de forma a que o Estado não seja simultaneamente “árbitro e jogador”. O candidato apresentou, esta quinta-feira, no Porto, as “orientações programáticas” [PDF] da sua candidatura e disse acreditar que “o país precisa de uma reforma de estado”, que passa pela redução da carga fiscal.

Passos Coelho traçou um retrato de Portugal, que “tem vindo a empobrecer, ao contrário dos outros países da União Europeia” e que oferece “fracas perspectivas aos mais velhos e aos mais jovens”. De acordo com o candidato, o actual Estado “sufoca as famílias e as empresas com impostos” e “gasta mais do que aquilo que deve”. “Em vez de pôr o Estado a gastar menos, pomos os cidadãos a pagar mais todos os anos”, acrescentou.

Ideias programáticas

“Abrir espaço à iniciativa privada nos sectores onde a prestação concorrencial entre público e privado assegure um melhor serviço” é uma das directivas da candidatura de Passos Coelho. A “descentralização de serviços”, de forma a colocar “a decisão mais próxima do cidadão”, é outra das ideias.

Passos Coelho defende também o “reforço” das competências do poder local e uma “flexibilidade protegida” na legislação laboral, “um importante instrumento para criar emprego e diminuir as assimetrias sociais”.

Dotar a Polícia Judiciária de recursos financeiros e humanos é outro dos objectivos do candidato à liderança social-democrata. Defende também a criação de “um quadro de estabilidade fiscal” de forma a controlar a distribuição orçamental e evitar a “usual arbitrariedade” deste. Áreas como as energias renováveis, a educação, a saúde e os oceanos são também abordadas nas orientações programáticas de Passos Coelho.

Passos Coelho salientou que este “não é um conjunto de medidas governamentais”, mas sim uma série de orientações para “que o debate se possa desenvolver”. E defendeu que “o partido se deve abrir ao exterior”, através da promoção de conferências abertas. “O debate no PSD não pode ser virado para dentro”, sublinhou.

“Quem ganhar estas eleições pode ganhar o país”

O deputado reafirmou a convicção de que todos os candidatos devem “apresentar ao país e aos militantes as suas ideias”. “Quem ganhar estas eleições pode ganhar o país”, acrescentou. Questionado acerca da recusa da candidata Manuela Ferreira Leite em apresentar um projecto de candidatura, afirmou: “Manuela Ferreira Leite preferiu não apresentar um programa de candidatura. Os militantes saberão ver a diferença.”

Luís Filipe Menezes “ainda não se pronunciou sobre a sua opinião pessoal” acerca dos candidatos, afirmou Passos Coelho, em relação à presença do líder demissionário num jantar esta quinta-feira, com todos os presidentes das juntas de freguesia do PSD de Gaia. O candidato lembrou que Menezes afirmou “que receberia todos os candidatos em Vila Nova de Gaia” e que “tem direito a gerir o seu silêncio”.