Dois sindicatos do ensino superior admitem partir para a greve se não obtiverem uma resposta no prazo de sete dias do ministro Mariano Gago sobre a precariedade dos empregos e o bloqueio das carreiras no sector.
Segundo Paulo Peixoto, presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, “deveria ter uma atitude mais dialogante com o sindicato”. A falta de diálogo “é também uma atitude de desrespeito com os professores do ensino superior”, diz ao JPN.
O SNESup e a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) apontam como exemplo da falta de diálogo uma carta enviada a Mariano Gago a 1 de Abril, que solicitava um encontro urgente com os sindicatos, mas que até ao momento não obteve resposta.
Para Paulo Peixoto, neste momento, “é particularmente grave que as instituições não saibam que tipo de contratos devem realizar com os docentes”, o que leva à precariedade laboral. João Cunha Serra, da Fenprof, salienta que as principais questões que precisam de ser discutidas prendem-se com a precariedade das carreiras, o bloqueamento das progressões nos escalões e as mudanças de categoria.
Situação “intolerável”
O responsável pelo SNESup afirma que “contam-se pelas mãos as greves no ensino superior”, mas revela que os docentes que contactam nas instutições de ensino superior “têm lançado um repto aos sindicatos no sentido de serem tomadas medidas mais incisivas face ao estado actual do ensino superior”. O “cenário de greve não está excluído”, mas “os sindicatos ainda não discutiram qualquer tipo de paralisação”.
João Cunha Serra, da Fenprof, relembra que “há muita gente no ensino superior que está há longos anos com contratos a prazo” e avalia a situação actual como “intolerável”. Considera que antes de se equacionar a hipótese de greve é necessário dialogar com Mariano Gago, mas salienta que não vai admitir “que o ministro tenha a ideia de fazer negociações próximo ou durante as férias”.
Petição sobre subsídio de desemprego
Há cerca de uma semana foi lançada uma petição online, pelo SNESup e pela Fenprof, dirigida ao primeiro-ministro e ao ministro do Ensino Superior, que pede a abertura de negociações sobre vínculos e remunerações no Ensino Superior. Até agora a petição já foi assinada por mais de 4.600 pessoas.
Além do abaixo-assinando, João Cunha Serra afirma que já estão agendados contactos com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.