A selecção portuguesa de atletismo leva para os Jogos Paraolímpicos de Pequim a segunda maior comitiva de sempre da modalidade, composta por 15 atletas. Das 76 medalhas conquistadas por Portugal nesta competição, o atletismo já arrecadou 48, cerca de dois terços.

Carlos Lopes é o atleta paraolímpico português mais medalhado de sempre. Ficou totalmente cego aos 18 anos, em 1987. A sua primeira participação internacional foi nos campeonatos da Europa de Zurique 1989, onde conquistou uma medalha de prata nos 800 metros. Compete nos Paraolímpicos desde 1992, pelo que Pequim é a sua quinta participação na prova. Em 20 anos de carreira, já competiu em nove campeonatos da Europa e seis campeonatos do mundo.

Nos campeonatos do Mundo, Carlos Lopes conquistou nove medalhas de ouro, quatro de prata e três de bronze em 200, 400, 800, 4 por 100 e 4 por 400 metros. No entanto, nos campeonatos da Europa trouxe para Portugal 10 medalhas de ouro, oito de prata e três de bronze.

Do seu vasto palmarés destaca-se a conquista de uma medalha de bronze e quatro de ouro em Jogos Paraolímpicos – de 200 e 400 metros em Barcelona, em 1992, e de 4 por 100 (estafeta) e 400 metros em Sidney, em 2000.

Fim da carreira

Carlos Lopes revelou ao JPN que “depois de vinte anos de carreira, a treinar todos os dias”, este será, em princípio, o seu último ano de competição. “Terminar a minha carreira nuns Jogos Paraolímpicos é um dos meus grandes objectivos”, disse. O atleta explicou que a sua decisão de abandonar o atletismo não está relacionada com o desgaste físico, mas porque precisa de “tempo para outras actividades e projectos igualmente importantes”.

Em Pequim, o atleta do Sporting Clube de Portugal vai competir nos 100, 200 e 4 por 100 metros. “Ao nível da estafeta temos uma equipa muito boa, campeã do mundo em 2006 e da Europa em 2005 e temos boas condições de ir ao pódio”, considera Carlos Lopes. Em relação às duas restantes provas, o atleta não é tão ambicioso e admite que ficaria “muito satisfeito” se chegasse às finais, isto é, ficar entre os oito primeiros. Há quatro anos, em Atenas, classificou-se em sétimo lugar nos 100 metros.

Nuno Alpiarça é atleta-guia de Carlos Lopes desde 1993 e em 1999 acumulou também a função de treinador. “Corro ao lado dele e dou-lhe indicações de direcção na corrida através duma correia, da posição do meu braço e da própria posição do meu corpo relativamente à dele. Além disso, posso ainda dar indicações verbais de incitamento, direcção ou tácticas”, esclareceu o treinador.

Nuno Alpiarça treina também Gabriel Potra e Luís Gonçalves, outros dois atletas da comitiva.