Os professores são hoje uma classe “desprofissionalizada” e maioritariamente insatisfeita. É este o balanço do estudo feito pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco, a pedido da Associação Nacional de Professores, e apresentado esta sexta-feira em livro, no V Encontro Luso-Espanhol sobre a profissão, no Porto.
O estudo, de matriz nacional, universal e estendido a todos os ciclos de ensino, conclui que a maioria dos professores não considera o seu trabalho reconhecido pela sociedade. 43% da amostra de mais de 3 mil professores afirma mesmo que, se tivessem que começar de novo, a opção não iria recair sobre a carreira docente.
Área “desprofissionalizada”
“Há pressões enormes sobre as escolas pela sociedade e pelas famílias. Isto leva a que os professores sejam obrigados a desempenhar funções no seu dia-a-dia para as quais não estavam preparados e para as quais não têm formação”, refere João Ruivo, vice-presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco e coordenador do grupo responsável pelo estudo.
“A profissão torna-se ‘desprofissionalizada’, diminuindo a auto-estima e a satisfação dos professores, o que por sua vez tem um impacto negativo na aprendizagem dos nossos alunos”, lamenta João Ruivo, para quem esta situação é causada pelos problemas de formação dos docentes, pelo aumento da frequência escolar das escolas públicas nas últimas décadas e pela falta de apoio do Ministério da Educação. 90% dos docentes não estão satisfeitos com apoio pedagógico dado pela tutela.
O estudo, publicado no livro “Ser Professor”, refere ainda que cerca de 60% dos docentes consideram que os alunos têm um interesse reduzido na aprendizagem escolar.