É entre a sala de jogo de Pandolfo e as mesas de café de Ridolfo que “Fassbinder-Café” questiona o dinheiro, os vícios e os desejos humanos. Com encenação de Nuno M. Cardoso, em colaboração com Ricardo Pais, a nova produção do Teatro Nacional S. João (TNSJ) está em exibição de 17 a 25 de Maio.

“Fassbinder-Café” é uma adaptação do clássico de Goldoni, encenador italiano setecentista, por Fassbinder, histórico cineasta alemão do pós-guerra. Depois de, em Janeiro, o palco do S. João ter recebido “O Café” de Goldoni, os olhares voltam-se agora para a visão “informal” de Fassbinder.

Os 10 actores, permanentemente em palco, passeiam-se entre os vícios do jogo e da cafeína. Histórias de infidelidade e de dívidas são interrompidas pelas constantes conversões de “sequins”, moeda italiana, em euros e escudos. Afinal, “dinheiro é dinheiro, venha de onde vier”, mote lançado pelo conde Leander, e a que as personagens acedem.

Informalidade também nos preços

Ao contrário do habitual, este espectáculo não tem lugares marcados e o preço é único: 5 euros. “É uma informalidade absoluta”, salienta o encenador Nuno M. Cardoso, ao justificar o objectivo destas escolhas. “Nunca foi um objecto finalizado, por isso, os próprios dias de abertura ao público são ensaios múltiplos”, revela.

Câmaras, música ao vivo e écrans confirmam a pluralidade de estilos que Nuno M. Cardoso quis alcançar. “É um exercício porque funcionou como um boião de experimentação de múltiplas coisas. Houve a procura de respostas múltiplas e, por isso, pode ter múltiplas leituras”, explica o encenador.

A improvisação foi, para Nuno M. Cardoso, a “matéria de trabalho para uma academia informal”. Por isso, as sessões de “Fassbinder-Café” são para o encenador um permanente “exercício de espectáculo”, onde os actores passeiam no meio do público.