O Dia Mundial das Hepatites é celebrado, esta segunda-feira, por 200 organizações não governamentais de todo o mundo que alertam para o perigo desta doença. Em Portugal a data é marcada com campanhas da da Associação SOS Hepatites na Carris e na RTP para alertar as pessoas a fazerem o rastreio.

A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ter várias causas: infecciosas, tóxicas, auto-imunes e metabólicas. As hepatites podem ser agudas, aquelas que são sempre curadas, ou crónicas, quando duram mais de seis meses e podem levar à cirrose.

Os sintomas mais comuns provocados por uma hepatite são a icterícia, gripe, mal estar, dores de barriga, vómitos. Ana Vale, directora do serviço de gastreontologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, referiu que há casos em que “não há sintomas nenhuns e esse é o mal”, principalmente na hepatite C “que é silenciosa e que em 20 anos pode levar à cirrose”.

Emília Rodrigues, presidente da Associação SOS Hepatites, disse ao JPN que “em cada 100 pessoas com hepatite C 20 vão ter cirrose”. Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem 120 mil portadores com hepatite B e 150 mil com hepatite C. Emília Rodrigues lembra que “um em cada 37 portugueses é portador de hepatite B ou C”.

Falta de informação

A Associação SOS Hepatites tem três anos e, segundo a sua presidente, tem recebido muita gente a pedir ajuda e informação sobre a doença. À associação têm chegado “muitas situações graves”, como foi o caso do “primeiro presidente da associação, que morreu três meses depois da inauguração da sede com cancro no fígado”, diz Emília Rodrigues.

Há uma maior prevalência de hepatite nos homens e são estes que também mais procuram a associação. A faixa etária dos doentes que pedem apoio é muito variada: “a minha doente mais nova tem seis anos e a mais velha tem 60″, afirma a presidente.

A Aliança Mundial das Hepatites defende que as hepatites B e C deviam estar no mesmo patamar de preocupação de outras doenças como a do sida, malária ou tuberculose. Emília Rodrigues adiantou ainda que existe no mundo “65 milhões de portadores com VIH e 500 milhões com o vírus da hepatite B ou C”.

Viver com a doença

Elsa Almeida, de 29 anos, ex-consumidora de drogas, tem hepatite C. A agente de seguros soube que tinha hepatite C em 1998, através de análises médicas. Na altura em que lhe foi diagnosticado a doença, estava grávida, mas não teve nenhum problema durante a gravidez.

O tratamento à base de comprimidos diários e de uma injecção semanal é “doloroso“, mas “é preciso saber viver com a doença”, reconhece Elsa Almeida.