O número de desempregados no distrito do Porto já ultrapassa os 100 mil, valor que preocupa o Partido Comunista Português (PCP), que organizou uma caravana de protesto para mostrar o agravamento da situação social na região, trazer a debate os problemas concretos e “desmontar a realidade que o governo do PS pretende dar do emprego, uma imagem que não é real”, como explicou Silvestrina Silva, militante do PCP.

De acordo com João Tiago, da Juventude Comunista Portuguesa (JCP), todos os trabalhadores são “afectados pelas leis”, que considera “injustas”, mas são os jovens os mais afectados pela precariedade do trabalho, principalmente se for o primeiro emprego. “Os jovens são altamente discriminados na procura do primeiro emprego”, sublinhou João Tiago.

Ainda segundo o militante da JCP, a esmagadora maioria dos trabalhadores está em situações de trabalho precário. “Saltam de empresa de trabalho temporário para empresa de trabalho temporário sem nunca ter uma relação com a empresa”, frisou.

João Tiago foi mais longe, ao classificar a situação da empregabilidade actual como “escravatura do século XXI”.

Críticas à PT

Os militantes comunistas falaram aos jornalistas frente à Portugal Telecom (PT), no Porto, com o objectivo de denunciar as condições de trabalho dos funcionários da empresa. “A PT é um grupo com um grande número de trabalhadores em todo o país e que tem lucros muito elevados, mas que explora os seus trabalhadores de uma forma perfeitamente desumana”, afirmou João Tiago.

Segundo um trabalhador da PT, que pediu para não ser identificado, o “que se tem verificado na PT é que as pessoas mal tenham 20 anos de trabalho, eles aproveitam e mandam-nas embora, se elas aceitarem o acordo, e contratam pessoal em outsourcing“.

“Aqui não há direitos, não há pessoas com seguros, não têm direito a qualquer tipo de desconto da casa e a qualquer momento podem mandar embora as pessoas”, revelou a mesma fonte.

João Tiago, da JCP, referiu ainda que o Partido Socialista antes de estar no poder criticava o antigo modelo de trabalho e que “agora utiliza o mesmo modelo e ainda vai fazer uma revisão para o agravar”.

A Caranava Regional do PCP em relação às questões laborais e à precariedade do trabalho termina a 29 de Maio e vai percorrer os 18 concelhos do distrito do Porto.