Números do cancro colorrectal

O cancro colorrectal é a terceira doença mais diagnosticada no mundo, afectando cerca de um milhão de pessoas. Pessoas com mais de 50 anos, fumadores e alcoólicos e pessoas que tenham um ou mais familiares próximos com cancro no intestino constituem grupos de risco.

Um estudo realizado pelo Grupo de Investigação do Cancro Digestivo (GCID) demonstra que uma nova combinação terapêutica aumenta as hipóteses de sobrevivência em doentes com cancro do cólon avançado.

Segundo Sérgio Barroso, investigador principal e director do Serviço de Oncologia do Hospital de Beja, esta terapêutica permite aos doentes “viverem mais e melhor”. A investigação decorreu em 11 centros hospitalares do país, mais concretamente em Almada, Barreiro, Beja, Coimbra, Porto, Matosinhos, Braga, Funchal e Ponta Delgada. O estudo tinha como objectivo determinar a taxa de resposta dos doentes à combinação de oxaliplatina, capecitabina e cetuximab, como tratamento de primeira linha.

Os resultados preliminares revelaram que 58% dos doentes melhoraram, o que constitui, para Sérgio Barroso, “resultados bastante positivos”. “A eficácia e a segurança ficaram comprovadas com este tratamento. O regime é seguro e a toxicidade é baixa e aceitável para o doente. No futuro, esta terapêutica pode-se traduzir no aumento da sobrevivência do doente e aumento de tempo sem a doença progredir”, afirmou.

Segundo o investigador principal do estudo, este tratamento destina-se a doentes sem contacto prévio com quimioterapia. “Aquilo que fizemos foi o desenvolvimento de uma nova estratégia de tratamento para os doentes com cancro do cólon avançado. Este é um tratamento com quimioterapia e com um outro medicamento novo, que tem como objectivo melhorar a eficácia da quimioterapia”, afirmou Sérgio Barroso ao JPN.

A combinação da quimioterapia com um dos fármacos evita a multiplicação das células malignas e leva mesmo à sua destruição. Esta é uma terapêutica que afecta pouco as células sãs, atacando o tumor com um mínimo de danos colaterais.

A investigação do GCID constitui o maior estudo português realizado por um grupo de investigação nacional na área do cancro colorrectal e vai ser publicado no Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO), sendo o primeiro estudo nacional desta magnitude a ser apresentado neste importante Congresso Científico.

A investigação envolveu 48 doentes, com idades entre os 44 e 75 anos, sendo 66% dos doentes do sexo masculino.