A direcção da União de Sindicatos do Porto (USP) / CGTP-IN descreveu, esta terça-feira em conferência de imprensa, a situação social do distrito do Porto como sendo “muito grave”, uma “consequência da destruição do aparelho produtivo e de uma política errada”.

“Constata-se que o desemprego mantém-se elevadíssimo, próximo dos 100 mil desempregados. Segundo o IEFP (Instituto do Emprego e de Formação Profissional), os salários são significativamente mais baixos do que a média nacional, as reformas acompanhando o nível salarial praticado são uma miséria e a pobreza alastra de forma alarmante, somos o distrito com maior número de beneficiários do RSI (Rendimento Social de Inserção)”, afirmou João Torres, dirigente da USP.

Relativamente ao número exacto de pessoas que se encontram em situação de trabalho precário no distrito de Porto, João Torres disse que se tratava de “algo muito difícil de apurar, uma vez que grande parte dos precários não consta nos quadros do pessoal das empresas”. “São os chamados ‘recibos verdes falsos'”.

No entanto, é possível saber quais sãos os sectores profissionais mais afectados pela precariedade. “São a comunicação e o audiovisual, o comércio, os escritórios e serviços e ainda a construção civil, onde existe muito trabalho clandestino”, aponta o dirigente sindical.

Apelo à manifestação nacional

Na conferência de imprensa, João Torres ladeado por Miguel Moreira, dirigente do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Norte e Centro, e por Luís Pinto, dirigente e coordenador do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas do Norte, aproveitou também para tecer duras críticas ao governo.

Na opinião do dirigente da USP, “é inaceitável que sejam cada vez mais evidentes os sinais de repressão patronal e governamental sobre todos os que não se conformam com a exploração de que são vítimas e do tratamento indigno a que querem sujeitá-los, tentando vergá-los pelas dificuldades”.

As dificuldades prendem-se, sobretudo, com “o aumento incontrolável dos combustíveis e o consequente agravamento do preço dos outros bens de primeira necessidade”, assim como “os anunciados aumentos dos transportes e a instalação de portagens nas vias rápidas, sem alternativa, que são a A28, A29, A41 e A42”.

Perante este panorama, a USP/CGTP-IN apela a todos os portugueses para que participem na
grande manifestação nacional, que ocorrerá esta quinta-feira, dia 5 de Junho, em Lisboa. Esta iniciativa, de acordo com João Torres, pretende combater “os objectivos sinistros do governo”.

“O governo insiste em levar por adiante a revisão para pior do Código do Trabalho e as leis do trabalho para a Administração Pública, com a facilitação dos despedimentos, a desregulação dos horários de trabalho, a redução dos salários e remunerações dos trabalhadores, o ataque aos contratos colectivos do trabalho, a perpetuação e legalização do trabalho sem direitos e a limitação da acção sindical nas empresas e locais de trabalho”.

Actualmente, a USP tem já garantidos 78 autocarros que rumarão à capital, mas acreditam que “chegarão aos 100”.