Muitos doentes jovens têm AVC por causas semelhantes às que acontecem nos adultos, como as patologias cardíacas, quando o coração não bate regularmente e gera as arritmias, a tendência a formarem-se coágulos e entupirem os vasos sanguíneos.

Mas também há outros casos mais raros e diferentes que propiciam a precocidade de um AVC, explica o neurologista Miguel Veloso. Esses casos são os das “doenças genéticas que aumentam a coagulação do sangue, doenças infecciosas e inflamatórias, dissecções arteriais por traumatismo das artérias ou drogas de abuso geradoras de AVC”, explica Elsa Azevedo, docente da FMUP.

Alexandra Silva tem 20 anos, estuda na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e teve um AVC quando tinha 18 anos. “Estava sozinha em casa e sentia-me estranha, com sonolência, depois comecei a ver tudo preto e desmaiei”, conta. “Quando acordei não conseguia mexer a parte esquerda do meu corpo, nem a perna, nem o braço, fiquei com a boca um bocado ao lado e não conseguia falar, estava em choque”. A jovem ficou neste estado desde as 12 horas até às 19 horas quando a mãe regressou a casa e chamou o 112.

Alexandra ficou internada 15 dias no Hospital São João do Porto, onde lhe fizeram vários exames e os médicos concluíram que a causa do seu AVC foi o facto de ter tomado a pílula, que, segundo a Organização Mundial de Saúde, aumenta ligeiramente a possibilidade destes acidentes vasculares.

A estudante disse ao JPN que, na altura que saiu do hospital já conseguia mexer um bocado a perna, mas que demorou quase um ano para conseguir abrir e fechar a mão. Alexandra começou há dois anos, altura em que teve o AVC, a tomar uma medicação que a vai acompanhar para o resto da vida.