Vários hospitais do país já integraram a rede Via Verde para os acidentes vasculares cerebrais (AVC), que se têm revelado eficazes para combater a mortalidade e morbilidade (alterações profundas no dia-a-dia do doente) nestes casos.

Trata-se de um conjunto de procedimentos destinados a acelerar o tratamento de um AVC. “Todos os procedimentos são feitos rapidamente, de forma a que, em menos de uma hora, possamos decidir se aquele doente pode fazer o tratamento trambolítico de grande eficácia a nível mundial”, explicou Dulce Pinheiro, responsável pela unidade de AVC no Hospital Santos Silva, em Gaia.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), que integra aquele hospital, abriu a unidade para AVC em Outubro de 2006. A rede Via Verde foi implementada em Março deste ano. Desde a sua abertura, já passaram pela unidade de AVC do hospital cerca de 300 doentes. Entre Março e Abril, 10 pessoas chegaram ao CHVNG/E pela Via Verde.

“Desde que abrimos a unidade de AVC, a taxa de mortalidade dos doentes com acidente vascular cerebral é muito menor do que a dos doentes que estavam na enfermaria”, esclarece Dulce Pinheiro. A abertura da unidade de AVC e da rede de Via Verde no hospital obrigou a uma formação de médicos, especialistas e de auxiliares.

Vários passos

A Via Verde para o AVC começa logo no INEM, quando este é chamado pelo doente após sentir os sinais de que está a ter ou teve um AVC (boca ao lado, dificuldade em articular as palavras e falta de força no braço ou perna). É um conjunto de procedimentos efectuados, de imediato, no hospital quando o doente entra nas urgências. Esses procedimentos consistem em fazer análises, TAC, electrocardiograma, avaliação por neurologia.

O tratamento trambolítico ou trombólice visa injectar no doente uma substância que vai desfazer o coágulo que entupiu a artéria do cérebro e provocou o AVC. Este tratamento ajuda a minimizar, ou até mesmo, eliminar as sequelas do AVC. “Há casos em que verificamos, ainda durante a perfusão do tratamento, que o doente começa a recuperar dos seus défices, por vezes na sua totalidade”, afirma Dulce Pinheiro.

A especialista em medicina interna alerta que o tratamento trambolítico é eficaz se efectuado nas primeiras três horas após ter dado um AVC.

A trombólice é feita na sala de emergência onde o doente permanece durante uma hora. A partir do momento em que termina o tratamento e, o doente fica estável, é levado para a unidade de AVC, composta por duas áreas: uma em que os doentes de AVC com menos de 24 horas permanecem e são acompanhados, e outra para onde os doentes passam para fazer reabilitação.